sexta-feira, 15 de março de 2013

69 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - MÃOS NO TRÂNSITO DE SÃO PAULO

Reprodução [sítio abaixo]
No trânsito de São Paulo sempre há tempo para pensar, divagar e falar consigo mesmo; dá mesmo para ficar conjecturando uma miríade de razões, de perguntas, de respostas (estas em menor números que aquelas) e de tantos pensamentos. No sufocante março na capital bandeirante, lá perto do meio-dia atravessar a cidade do centro até a avenida Washington Luís, perto do aeroporto de Congonhas, apresenta tempo de sobra para questionamentos acerca de X, Y, Z e A e B... 

"Parado há 15 minutos aqui na Liberdade, na avenida Conselheiro Furtado. Hoje o trânsito está demais, o calor está de rachar e meu ar-condicionado... Quebrado. Só rindo!!! Estou com todas as janelas abertas e resolve um pouco. Milhões que circulam sozinhos em São Paulo todo dia sobre 4 rodas que deslizam pelas coberturas asfálticas. E reclamam! Por que? 
Pergunto: qual cidade, qual metrópole não tem trânsito congestionado, carregado? Tóquio tem. Los Angeles tem. Roma tem. Lagos tem. Moscou tem. Todas têm. Para reclamar é fácil. Afinal, eu não moro em Los Angeles, nem em Moscou, tampouco em Roma e qualquer outra, eu moro aqui.  Mas conheço Tóquio e a Cidade do México: trânsito pior que o daqui!".


Concentrado está no lado do motorista que pode observar a intensa movimentação de pedestres por toda a avenida, agora já quase perto da rua Domingos de Morais. Gente de todo o tipo, para o bem, para o mal e para o meio disto, que habita a cidade. "Devo fazer parte destes tipos que vivem por aqui", pensou.
Caminhantes apressados, mulheres e homens, moços nem tão moços, a trabalho ou a encontro. O skatista com manobras radicais pela calçada leva um tombo desnudando quase por completo sua traseira já meio descoberta antes da queda cinematográfica. E ri do próprio infortúnio, como as pessoas desencanadas fazem. Duas adolescentes com fones de ouvido andam juntas, porém não conversam; o engravatado homem olha insistentemente no relógio, também para um lado e para o outro - deve estar a espera de alguém. Lojistas, comerciários e senhoras com seus cachorros 'fru-frus'... Modernos e tradicionais, brancos e negros são captados pelos seus olhos "de tempestade" castanhos.

Ao passar por uma clínica veterinária recorda-se da vista feita no fim de semana passado. Inevitável acontecer tal lembrança, mesmo para ele que se considera um ermitão na desvairada cidade, um cara que se satisfaz com o trabalho, com o conselheiro-mor e com o príncipe. Está bem assim para ele, não há dúvida, tanto que ansiou em desespero quaser para chegar ao castelo inquebrantável e fechaer a porta depois da vista à clínica de Licínio, o médico que cuida de Felino e Rex.
A proximidade ede outro ser bípede como ele, fora das paredes do trabalho, fora das reuniões fora destas paredes - como esta à qual se dirige -, causa certo temor. Melhor explincando, causa apreensão.

"Está bom assim.Não quero proximidade exagerada com ninguém. Tenho receio das pessoas que se cercam de mim que não sejam do meu trabalho. E mais, até acho que melhorei porque permito que o Maximiano me procure, converse, conte coisas, desabafe, permito que bebamos juntos até. Licínio também, ele é um cara inteligente, trata bem meus 'filhos', mas ir lá... Na clínica que será casa provisória dele... Não sei não. Basta os sonhos que eu tenho com os dois".

No sinal, ele começa a suar nas mãos e começa a cantar uma velha música junto com a estação sintonizada - um sucesso no seu tempo - para abafar o pensamento do encontro de sábado. No trânsito, ele canta alto e bate com as mãos na direção, como se um instrumento de percussão fosse. 

http://www.torontosun.com/2013/02/15/florida-suspends-new-driving-permit-rules

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