segunda-feira, 4 de março de 2013

01- CARTA DO SUICIDA: AOS PAIS

Reprodução
(Uma breve explicação: aqui tento perscrutar a mente de um suicida em potencial, ou ainda, que já tenha tentado e mesmo assim, falhado. Mais de 99% será invenção criada para o personagem e o restante de própria lavra desde amador escritor, ou seja, muita ficção e um tiquinho de realidade experimentada)


E para quem vai esta primeira carta que eu começo a escrever? A lista é bem grande, assim como minha vontade de puxar o pé à noite dos que estão nela!
Família? Amigos? Amores? Colegas? Patrões? Subalternos? (des)Conhecidos? Pessoas que passaram com rapidez por esta vida que não quer ser mais vivida?
Atenção: escrevo e desejo que endereçar eletronicamente que seja não para condolências ou comiseração ou dó. Nada disto. Escrevo para saberem como me sinto diante do que passo - do que me faço passar e do que me fazem passar.
Não quero imputar culpa em ninguém, absolutamente. A culpa é toda minha, mesmpo porque ninguém assumiria culpa alguam. Pensar nisto é motivo de riso, acreditar nisto é motivo de patetice.
E não quero conserto, tampouco ajuda. Só quero que a informação chegue a quem é devido que chegue, oras! Bem simples.
Vamos lá, porque agora nada me custa fazer.

Deveria escolher família no rol elencado ali em cima, não é? sim, porque primeiro núcleo humano que a gente se socializa - ou pelo menos grande parte de nós - e também porque não escolhemos, o que é bem foda. Aliás, tanta coisa e gente não escolhemos.
Então... Família: é você mesmo.
Nasci algumas poucas décadas atrás de uma mãe e um pai quase normais. Durante a gravidez dela - vim a saber depois - quase a matei tamanha vontade de sair de seu útero (se eu soubesse o que viria depois...) exigindo descanso absoluto, fora as hemorragias e a insônia causadas por este aqui. Não deve ter sido fácil. E não foi mesmo. Do lado do cromossomo Y - um vagabundo de marca maior - não pude esperar muita coisa: quase derrubou minha mãe da escada porque voltara do trabalho, no 1º mês, e já pedira demissão porque obedecer à ordens estava quilômetros de suas poucas qualidades. Ela, percebera que não havia sido intencional; de intecnonal só mesmo a garrafa de rum que ele bebera e trazia debaixo do braço, quase no osso. 
Verdade que ela batia nele! Sim, é isto mesmo! Determinada e com uma vocação para brigar, todo dia havia uma discussão acerca do alcolismo e do clichê "agora somos 3 e você não se emenda, saeu bêbado vagabundo e inútil!". 

Amado mesmo acho que não fui durante a gestação. Queria poder me lembrar da voz grave de meu pai falando com a barriga da minha mãe, porque às vezes ela quedava-se em um bom humor irresistível e ambos deitados conversavam sobre como seria meu nome e o que eu seria quando adulto (hahaha)
Retificando: quando escrevi que não fui amado quero dizer que não fui desejado na prévia sem camisinha e também que gostaram de mim depois, suponho...
(gostar é diferente de amar?)
Mas isto era às vezes. Raro mesmo.
O que valia no sentido de o que acontecia eram as brigas no tapa, o alcolismo e a reclamação por ter que ficar em repouso.
Bem que eu podia ter sangrado por toda a cama e assim teria ido desta para melhor sem nunca ter existido de verdade. 
Esta é boa! Sangrado antes e nem estaria aqui escrevendo. Talvez fosse uma solução melhor, mais adequada porque pouparia tanto trabalho.

http://sumtinprecious.blogspot.com.br/2012/09/sumtin-serious-depression-and-suicide.html

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