sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

VIAGEM CVII - PELA TELEVISÃO, UM TELETRANSPORTE

Reprodução [sítio abaixo]
Tolda-se o céu com a noite que vinha teleguiada
pela tela daquela televisão.
Faria, se pudesse, um teletransporte para a teledramaturgia
que pelo telescópio de seus olhos castanhos - os esquecidos - via todo dia, 
sem tolice alguma, sem hesitações.
Teleguiava-se pelos seus sentimentos, pelas suas dores como a telalgia que
um dia quiseram impingir. Refletiu-se no mamilo pontudo e pelo corpo.
A cor amarela, a cor laranja do dia haviam ido embora e pela  tevê

via no intervalo o talassêmico canalha, gritar, prometer que se ganhar... 
E turvar-se diante do montante de dinheiro que sempre vem.
Toda sua cor agora parecia ser a contida nos cifrões.

Talassocrata como Netuno, dominante como Zeus, fez o que todo homem
faz quando solitário, deitado, quase nu:
De uma talagada só, derramou o copo goela abaixo o bourbon de milho 
porque o fazia, telepaticamente, estar junto de quem gostava e de quem
nutria o único sentimento viável - ele amava. Tolheu-se apenas no 3° copo:

"Tolice tolher-me!", pensou em voz alta.
Para que tolerância com o dia já toldado de breu, 
quedava-se melhor se amortecido estivesse. 
Em meio aos milhões encarapitados, por meio de seu telescópio,
via, ainda com certa nitidez, alguns dos apartamentos mais altos,
com luzes esmaecidas ou brilhantes acesas.
"Que fazem por ali? Quem faz?"
Queria saber...

Teletranportar-se-ia a um único lugar que nunca pode - que tolo - ocupar
pacificamente: o coração. 
Sabia com clareza refletida de uma tulipa à luz do verão de Amsterdã
que amaria, que protegeria, que acalentaria e que seria
protegido, amado e
acalentado:
O que toda novela de qualquer teledramaturgo mostra. No final, mas mostra.

http://www.humansinvent.com/?_escaped_fragment_=/2244/how-teleportation-can-fight-cancer-and-phone-hacking/

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