domingo, 17 de fevereiro de 2013

66 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - MENSAGEM DOBRADA

Reprodução [sítio abaixo]
Televisão ligada desde ontem à noite, volume baixo; e quando acorda passa pela sala e se atém um pouco ao noticiário de hora em hora que, por sorte, passa agora. Escândalos de corrupção, terremotos, ditadores travestidos de democratas, caras-de-pau aos montes, desemprego, chacinas, fome e mais uma porrada de coisas que o ser humano sabe fazer bem como só ele mesmo é e faz. As tragédias humanas, aquelas interiores e intransferíveis, para ele, são as mais difíceis de se lidar; não há ajuda governamental, nem de ONGs, nem de voluntários obstinados, nem de empresas "filantrópicas, nem nada/ninguém... Só mesmo cada um para saber como lidar e etc. Nem que peça um pouco mais de serenidade, tudo isto produzido pelos homens não cessa um instante.

Luz pela casa toda com as janelas e a porta da sacada escancaradas. Um ar úmido domina o seu ambiente o que o faz mais ansioso por uma xícara grande de café para bem começar o fim de semana.
Passeando pelo apartamento com o Felino e o Rex atrás, atrás sem parar, com uma música eletrônica suave ecoando pelo castelo invencível, o telefone toca três vezes até que ele escute. Há também duas mensagens não lidas, de diferentes números - que ele identifica de imediato: de Maximiano e de Licínio, bem diferentes.

Na mensagem do metálico traído amigo: 
"Oi, td bem? q vai fz no dom, patrão? rsrs vamos sair? abç. ah, valeu a conversa ontem. to mais tranq". 
A segunda, do veterinário, mais longa e mais inusitada:
"Bom dia. Tudo bem c/ vc? Desculpe por ontem, nem deu tempo de flar muito. Queria dar 1 abç em vc, mas foi um corre só por aq. O q vai fazer + tarde? to mudando a clín de end. perto da sua casa. vou lá depois das 15h, a fim de conhecer? assim vc pode dar uma opinião sobre e afinal... vc é um cliente ;-)

Supreendido com as palavras do veterniário, ele manda uma msg de volta perguntando onde será exatamente a nova clínica. Logo em seguida, chega outra:
"Perto do metrô Vl Mariana, atrás do posto q tem na esq da vergueiro. Vamos? Assim posso pagar um café pelo dia de ontem. Abç".

Divaga pela casa ampla com um pedaço de pão na mão procurando onde deixara a xícara com o café recém passado; divagação esta que não chega a conclusão alguma. Aliás, quanto mais pensa, mais acha estranho este convite, a pretexto do aniversário, para conhecer a nova clínica dele. A resposta que veio rápida, a falta de outros interesses em comum, ele é só um cliente, o sábado à tarde... Motivos que ele realmente fica sem entender e que pelo visto só pagando para entender quais são.

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