sábado, 3 de novembro de 2012

VIAGEM LXXXV - DENTRO DA ÁGUA

Reprodução [sítio abaixo]
Nadando por segundos finais debaixo daquela água de treinar apenas,
o som é turvo e grave, sem muita inteligibilidade para ouvidos
que vez por outra - e a outra também - doem por conta da água da piscina
azul clara cheia de cloro, como seus olhos que ficaram vermelhos em dias
de intensa tensão provocada pelas - agora em oceano - ondas do mar que,
bravio e insolente, insistia em bater, rebater, respingar
o rochedo que formava como um elo sem fim.

Debaixo da água ele esquece e se concentra na dor dos tímpanos,
mas ele esquece o mundo da superfície que de superficial,
cansou-o sombremaneira, sobretudo por conta destes por aí
que falam que mergulham de cabeça e não mergulham coisa alguma;
e se mergulham, eles racham a cabeça no rasante que fizeram. Por que?
Porque é raso como epiderme exposta ao sol de fevereiro, "com muito amor".

Debaixo da água, movimentos são sinuosos como de sereias a cantar
o canto que tanto ensurdece marinheIros deste tempos de epopeia idílicas,
como aqueles gregos espetaculares ouviam singrando o Egeu, o Jônico, 
o Mediterrâneo, o Adriático, o Tirreno e quem sabe o Negro, neste esperando Netuno?
Por aqui por baixo, nos trópicos quase sem história de séculos e séculos,
as ondas que ele tanto viu, voltam espumosas e salgadas. Arrebentam.

Ele mergulha e o mar o traga para baixo, mas não para virar comida de peixe:
virar um deles e apenas nadar, domir de olhos abertos e vicejar um outro alguém...
Que ele dê conta n'água, só espiando a superfície para expirar o ar e sem expiar mais nada
do que fosse irrelevante e mais ainda: o relevante.
No mundo debaixo d'água, ele nada sem cansaço. Meio azul, por hora meio verde... 
Sem sentir qualquer dor.

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