terça-feira, 13 de novembro de 2012

VIAGEM LXXXVIII - AINDA A FUGA

Reprodução [sítio abaixo]
A fuga de tudo, de todos.
Faz com um pé nas costas
virando as costas para onde não
deve ficar; porque aqui não é mais seu lugar
nem o melhor, nem nada...
A fuga das pessoas da promessa
de uma ajuda tímida ou nenhuma;

de um quê de desdém e dó que danifica,
(domestica a direção que antes voltada para outros)
e acaba, então, por dominar tais relacionamentos.
A fuga, o que pode ser
acrescentado para que nem mesmo olhe para trás?
Ver lá longe, em frente, seguindo
sem muita certeza, apenas a certeza de poder esgueirar-se

daquelas tumbas farônicas que o consumiam
e que atado, preso, estava.
À fuga, soma-se um fôlego incansável,
invencível, respiração controlada e firme; 
tudo para firmar o que mais ele deseja: fugir.
E para isto, começou ontem, manter-se-á hoje
e amanhã, fugirá ainda mais.

Correr e correr: tamanho esforço
traz o esquecimento de tudo aquilo que ele virou as costas,
e sem mais, sem menos, deverá sentir-se aliviado
quando ainda estiver correndo e nem se lembrar mais 
o porquê de sempre olhar para frente.
A fuga o fará viver de uma outra forma, diferente,
eficaz para não desmesurar a tristeza. Esta desaparecerá.

Então, as rotas cordas amarradas, arames farpados retorcidos
e estas amarras que não permitiram amar a nada
e a ninguém, romper-se-ão feito fios de algodão doce
e assistirão sua fraqueza
diante da imensa força de homem em fuga
que conseguiu chegar em primeiro em algum ponto final
de uma corrida que nunca teve chance de ganhar.

http://www.flickr.com/photos/nataliyakhan/3388023029/

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