segunda-feira, 29 de novembro de 2010

031 - UM DIA MUDA

Em conversa, daquelas de um tempo sem fim, em um bar melhorzinho na Vila Mariana, eles discutiam sobre o poder, as pessoas que o detém e os pobres coitados que obedecem.
"--- Isto nunca vai mudar Duílio! Nunca. Sabe porque? Porque quem tem $ não quer dividir o seu poder.
--- Eu queria um dia dar uma lição nestes poderosos que agem com prepotência porclamando aos quatro ventos que 'eu detenho o poder, e que todos ouçam bem'. Ah, como são idiotas e mesquinhos.
--- Não. Como são poderosos e endinheirados. E recolha-se ao seu devido lugar."
Olhando para o amigo Simão, sentado na mesa na calçada, fumando um vermelho atrás do outro e bebendo sua dose de bourbon, ele o via como o senhor da realidade... amarga.
"Por mim, eu poria todos em uma sala pequena, sem ar e bem clara; sentadinhos como alunos do primário e os faria ouvir todo o clamor da sociedade. Falaria que são imbecis, déspotas, promíscuos com relação ao poder e ao $. Porque eles agem assim? Para mostrar que quem manda são eles.... 
A prepotência humana é uma coisa sórdida porque passa por cima como uma retroescavadeira a machucar o chão. Humilhação é a outra face deste vil metal pelo visto... Sim porque só existe a prepotência humana porque a humilhação é a conseqüência imediata.
E os que são donos de um país? De um banco? De um estabelecimento? De uma 'comunidade'? 
E aqueles que são prepotentes e comerciam a dignidade humana?
Que coisa mais... perversa. Esta lógica de gritar, de humilhar, de espezinhar... Que pena. Um dia eu mudo tudo isto...
E quando eu mudar, farei diferente deles.
--- Duílio, não viaja no lance... O mundo é assim desdew que começou a existir. Vamos embora daqui porque quero passar lá na Vila Monumento. Ainda dá tempo".

Um comentário:

Unknown disse...

Não, a pior tragédia não é a que tomba inesperada, rápida, definitiva e única como um raio e que até pode ser atribuida a castigo divino ... Mas a que se arrasta cotidianamente, surdamente, monótona como chuva miudinha.