sábado, 13 de novembro de 2010

028 - VEJA PRESTANDO ATENÇÃO

Frio fora de época e ele sozinho, solitário como um condor a voar pelos Andes olhando tudo perscrutando a sua volta, Duílio se sentia assim. Perto da resignação, ele resistia a ela.
"No tempo destes tempos não me sobram muitas coisas.
Veja!
E prestem atenção: dançar ao sabor do vento não adianta nada.
Andar como reza a cartilha do sistema também não me serve. Sobra pouco.
Ir lá e me matricular no curso de Romance Literário também não vai adiantar... Não sei.
Andar mais 200 metros e realizar a matrícula na academia também não vai me adiantar... Será?
Passear nesta tarde e ver o mundo aqui da metrópole... Adianta?
Quando eu falo isto para o Simão, ele torce o nariz grego que ele tem e, arrotando se tiver bebido uma coca-cola - aconteceu ontem - me lasca assim na cara que eu fico a viajar feito a migração de zebras e gnus na África Parece que escuto a voz grave e seca dele, com aquele sotaque de R interiorano.
--- O foda são os crocodilos espalhados por estas águas, com a bocarra aberta ao sol, e submergindo, os espreitam, esperando um vacilo para morder, rodar e afundar... Você parece os que estão na margem - sei lá do que esta margem - e não atravessa.Aí, vem aquele bando atrás que mergulha... A maioria sai do outro lado são e salva.
Parece que antes eu não possuía esta fobia social, e agora..."
Verdade mesmo que Simão sempre dava tapas em sua cara, daqueles de doer no fundo da alma. Mas não ficava vergão, nem marca... Simão assoprava depois.
E Duílio, com o 'carro' quase sem direção (que ele não tinha) enguiçado onde quer que fosse... Soa como "é a lama, é a lama..."

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