domingo, 28 de novembro de 2010

030 - O SOL

Sem considerações intergalácticas acerca do astro-rei, estrela de Deus à qual deve a vida, Duílio por vezes tinha um sentimento de não pertença à irradiante luminosidade dos dfias de verão. Dias em que o sol se espalhava sem medo, sem dó, abrasando tudo o que pela frente viesse.
Antes, curtia muito e ficava horas no telhado da casa tomando sol só de cueca slip; às 2ªs-feiras era pelado mesmo. 
Agora, parece que sói ter um sentimento de irritação pelo sol por ele querer dar vida.
Não, ela não tinha vocação para suicida, mas como Simão - e sempre o Simão - dizia quando ele quedava-se em preguiça em dias assim que "você parece um verme, daqueles bigatos de goiabas que secam, esturricam ao sol".
Só não sabia o porque da comparação. Precisava de novo abrir o seu sol e deixar aquela energia de anos-luz renovar-lhe. Qual o quê!?
Ainda não se preparara, ou melhor, se despreparara para de novo arrancar a nuvem negra que só quer perturbar. 
"--- Duílio, você é um cara com tanta consciência social, ao contrário de mim. Porém, com você mesmo, é de uma negação sem limite que transpõe quase tudo que eu já vi e vivi. Somos tão amigos e este mistério se faz mister que eu tente desvendá-lo. 
--- Para que? A vida é mais fácil para quem deixa o sol entrar, mas também é mais hiperativa. Eu ando me cansando da mesmice...
--- Cansado mas não faz nada né?"
Simão possuía uma lucidez que beirava a dureza de como ele classificava as pessoas, entre o preto e o branco para ele não havia muitas nuanças. Ou seja, as pessoas eram mesmo aquilo que demonstravam, para o bem e para o mal.
Tocava na rádio "não chegue na hora marcada..."

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