quarta-feira, 14 de julho de 2010

010 - O CAPITAL E O UÍSQUE

"Qual a capital do capital? A pena capital?"
Quando Duílio fez esta pergunta pela primeira vez Simão franziu o cenho.
"Não vem com esta porque li muito pouco sobre o barbudo comuna. Aliás, o que eu li achei um porre! Claro que ele gostava de $ né? Porque quem não gosta é quem tem muito e fica com este discurso de que pobreza é digna e tudo mais. Digna? O cacete que é".
O que cada um achava do $ e do trabalho para se conseguir o primeiro era bastante diferente: ambos precisam - como todos -, mas como, onde e porque... Duílio ainda tinha aquele pensamento 'idílico' de trabalhar no que se gosta, ser bem remunerado, ser valorizado pela chefia, ter direitos trabalhistas garantidos; Simão com o pensamento pragmático detinha sua força de trabalho - ops, marxista isto - de forma ampla e bem direcioada para fazer aquilo que eld mais gosta: $ e muito $. 
Talvez fosse por isto que Duílio estava sempre mal empregado ganhando pouco quando não sem emprego e seu 'comparsa' de álcool e etc sempre montado em muita grana, 3 cartões de crédito, cheque especial e etc.
Este fator capitalista não impedia uma amizade verdadeira com toda a verdade inerente ao ser humano; ou seja, havia inveja também porém havia reciprocidade nas dificuldades... Sejam quaisquer. 
De fato, nestes últimos anos a inveja se traduziu em capital.
"Fala! Qual é a capital do capital?"
"Não sei! Bom, quer saber o que eu acho? Para mim é minha conta bancária e o $ que tenho aplicado. Ah, e na carteira também... Deixa ver quanto tenho...".
Um tinha muito. O outro tinha (quase) nada. E ambos tinham um ao outro ainda que meio desbalanceado.
"Para mim é a vida sofrida. Esta é a capital".
"Nossa, que 'vanguarda revoluicionária você é. Todo poder aos sovietes!'. Um brinde."
O gelo trincou e beberam um gole grande do americano do Tennessee. Caro.

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