quinta-feira, 29 de julho de 2010

015 - A PAZ DO SONHO

O amigo Simão, podem acreditar, tornou-se ao longo de sua vida de 30 e muitos em um cara pragmático e nada afeito a baboseiras melodramáticas (como ele mesmo falava) que pudessem desviar o foco maior que sempre tivera, traduzindo, ganhar $ e se fazer mais feliz por conta disto. Podem então querer dizer que ele era materialista até o último pêlo (que ele tinha bastante no peito e pernas), no que ele rebatia com a famosa praticidade que a mesma vida lhe apontara e a que tanto devotava sua veneração.
"Às vezes eu tenho vontade de ser como o Simão, assim deste jeito dele de encarar a vida e os problemas sem maiores atitudes grandiloquentes. Na verdade, o que o deixa um tanto mais vulnerável é quando perde $ por algum motivo fútil na visão dele, ou ainda, quando não está empregado. Mas este fator não o incomoda mais porque agora com o negócio próprio das lan houses juntando com a herança em vida (quase na morte) que o pai lhe deixou, não há com o que se preocupar. É o que afirma toda vez.
Fico pensando se ele é de fato feliz por agir assim, o que me leva a pensar se ele é assim mesmo ou se faz assim. Parece que quanto mais ele deixa o mundo de sonhos da maioria dos habitantes da Terra, mais ele se torna exultante, feliz consigo mesmo, 'porque sonhos não envelhecem...'
Outro dia mesmo ele falou que sonho bom é aquele dormido a sono solto e a sono dos justos pelo trabalho realizado aqui no mundo dos viventes. Ele pensa que o sonho não é real em nada - claro que não é -, só que ele não credita paz alguma, não credita bem-estar algum a um sonho que possa ter.
Somos bem diferentes. Eu gosto muito de sonhar e da 'paz que existe em todo sonho bom'. Para mim, quando tudo demora em ser ruim é neste momento que sonho mais pacífico aparece. 
Ele insiste em dizer que a vida é o estar acordado.
Rebato que não tenho tido paz durante a vigília e que por isto quando durmo é a melhor parte.
--- Bobagem Duílio. Sonhar só serve para... Nada. O que vale mesmo é estar acordado e realizar, realizar... Realizar sem parar um minuto sequer".
Como eram amigos nem tão de longa data, mas confidentes e cúmplices, se davam bem a despeito das diferenças que gritavam a todo e qualquer instante.

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