sábado, 24 de julho de 2010

013 - SOBRE O SUICÍDIO III

O amigo,Simão, com sua sutileza de rinoceronte em uma loja de cristais da Boêmia, vocifera contra os suicidas afirmando-os fracos e incapazes de resolverem seu problemas.E para ele não há como apiedar-se dessas almas que ficarão a vagar por aí, na imensidão do Cosmo. 
"E ele reitera que deveriam memo nem ter nascidos. Que falta de sensibilidade.
--- São fracos sim. Uns bostinhas! é o que são.
"Porque ele é tão assim incisivo contra aqueles que se matam? Ele não sabe da dor - e da delícia de ser o que é - que eles enfrentam nem os reais motivos que o fazem cometer o desatino. Sim eu acho que é uma atitude desatinada total só penso que condená-los de imediato ao infidável vagar dos tempos não me parece uma coisa boa... De quem está de bem com a vida ou melhor de quem é do bem.
E ele haverão de se ver com Deus.
Eu confesso que eu, Duílio o desempregado e amante à moda antiga, vejo com olhos imparciais o ato de se matar.
--- Cara, vai procurar ajuda! Vai se tratar! Liga para um amigo! E se nada disto der certo pensa mais uma vez só que seja!
--- Simão, ninguém se suicida simplesmente porque quer, ou porque gosta. Ou ainda porque é a solução mais fácil. Não é!
--- Chamar atenção, conhece o significado disto? Direto ligado com o fato de as pessoas serem de uma carência sem tamanho, despropositada, só para se sentiram ligadas a alguém, que são importantes (às vezes não são nada disto) e etc etc. Aí vem a carência que para mim é correlata, de algum modo, ao suicídio. Tinham que aprender comigo! Porque eu não tenho tempo para perder pensando em como me matar. Ah, licença né? E também porque eu não sou carente de nada...
--- Nada? Ninguém é carente de nada. 
--- Eu sou. Porque eu sou foda.
--- Cara, você está ficando muito chato mesmo e preconceituoso. E prentensioso, claro.
--- Está bom. Vou retificar: o que eu quis dozer é que tomo conta das minhas carências para que elas não transbordem e cheguem às vias de fato.
--- Vias de fato do suicídio?
--- É. Tenho muito para viver.
Opa, então ele reconhece fraquezas?"
Duílio meneou a cabeça assentindo e com ponta de satisfação pois trouxe o grande senhor macho fodão branco rico aos mundo dos mortais.

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