quarta-feira, 27 de julho de 2016

VIAGEM CCXCIV - A SAUDADE MORTA; VOCÊ VIVO

o tempo que passou está tão lá trás, em uma parte da vida que o mundo ainda girava ao redor de um sentimento que poderia ter dado certo;

a saudade do que não existiu, a saudade daquilo que poderia, talvez, ter sido aplaca qualquer razão sobre o tempo curar tudo;

não cura nada não;

enterrar a tal saudade no mais profundo poço que você possa encontrar - este é o primeiro passo;

depois, como segundo passo, possivelmente enterre este poço, lote-o de terra seca estéril, até a boca para que nada, nada mesmo, possa que nasça nada ali;

para que a saudade não vislumbre um caminho, um pequena rachadura, 
em que ela possa crescer devagarinho, devagarinho e, como um fantasma, voltar;

porque sem que haja um cuidado, ela explode em cima da sua cabeça e mata;

não! Enterre e soterre o tal poço;

jogue tudo dentro;

para ter certeza que a esperança vã não lhe faça de idiota 
(de mais idiota, não é?),
pise em cima com toda força - pule com vontade para matar qualquer chance remota;

em seguida vá embora;

sequer olhe para trás;

vire-se apenas para frente e esqueça aquilo morto;

está morto!

você então, no final de tudo, finalmente vivo.

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