terça-feira, 12 de julho de 2016

VIAGEM CCXCI - NO DIA QUE FALTAVA... A PERDA

Arquivo pessoal - Avenida Paulista
100, 99, 98, 97...
contagem regressiva de dias (bem que poderia ser uma de horas...) para reencontrar o caminho, a vida, o amor e tudo mais que pode levar à liberdade.

96, 95, 94, 93...
Os dias se demoram, mais do que o costume, só para fazer o sofrimento da saudade aumentar, tornar-se desmedido e preencher o pensamento dele e azucrinar sua ideias... Que já estavam turvas desde a ida sem a previsão de volta.

Os dias se arrastam, lerdos, em grandes quantidades de segundos, minutos, de horas, mostrando-se incapazes de mensurar a espera, e imutáveis no relógio biológico que tanto preza a proximidade. toda manhã ele se pergunta "até quando?" ficando toda manhã sem reposta.

92, 91, 90, 89...
Ainda nem chegou na metade e longe está disto e ele... Bem, ele segue com seus afazeres do dia dia, cotidianamente, para driblar, burlar e tentar esquecer o longo período que existe entre o agora e aquele momento de poder abraçar, de poder tocar e acarinhar quem tanto, tanto e tanto, ama sem pudores idiossincráticos, tão comuns àqueles que dizem amar, mas ama com restrições.

Quando chegou ali nos 65, 64, 63, 62 dias... Ele começou a tomar algo para poder dormir feito nenê depois da mamada matinal, sem restrições: vez por outra chegou a babar no travesseiro tamanho desfalecimento na grande e vazia cama. Pelo menos, dormiu ininterruptamente (fato novo em seu padrão de sono).

Ah estes dias..34, 33, 32, 31... "Quase um mês!", ele falava para os amigos próximos quando agosto estava por vir. Este último tempo de esperar foi, de verdade, o mais ingrato no meandros de pensamentos labirínticos que povoava sua mente de irridentismo ímpar, sagaz e, à época, acelerada feito um turbilhão. Vieram os derradeiros 15 dias e estes foram os mais maldosos.

Faltando então apenas o amanhã, ele mal dormiu (decidira não ingerir nada... Para perder a hora? Jamais). Chegando no aeroporto de Congonhas, com horas de antecedência, toma alguns cafés e então vem a notícia... O avião acabara de cair no Oceano Atlântico perto do litoral do Guarujá. A voz metálica avisa: Por enquanto não a relatos de sobreviventes.

Ali, àquela hora, ele também morreu um pouco, gelidamente triste.

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