segunda-feira, 4 de julho de 2016

VIAGEM CCXC - ESQUERDA, CENTRO E DIREITA (DO CORPO)

Arquivo pessoal - Piracicaba, SP
Dos extremos ele não gosta, mas é dos políticos que se embrenham em negociatas, safadezas e conluios dos mais vis e canalhas e que abarcam todos os matizes ideológicos; porque das extremidades de seu corpo, ele gosta muito que lhe toquem acariciem, lambam e peguem; a pele, entendem? Porque seu corpo demanda e troca tais favores. Aprendeu depois de um certo tempo estes favores de duas mãos e hoje pode se considerar um doutor livre-docente.

Direita? Esquerda? 
Sim, e talvez pelo centro de seu corpo seja melhor do que qualquer outra parte. Apesar que... Bem, todo ele é frêmito. 

Pensava, em recorrente tempo, o que determinava as relações humanas a partir mesmo de um simples (?) aperto de mão, que dali poderia valer muito ou apenas ser uma dissimulação de bom contacto social.

Pelos apertos, pelos abraços, pelos beijos, pelos pelos misturados, e pelos corpos entrelaçados em todas as extremidades. Pelas mentes em alinhamento, pelas mãos que acariciam: haveira de haver a sobrevida desta vida à qual ele sobrevive tão-somente.
Pelo centro, pela direita e pela esquerda. Decidira há algum tempo que queria tentar buscar um caminho mais feliz, menos penoso, sem que perdesse o envolvimento das ideias, sem que se perdesse a compreensão do outro.

Em um diálogo imaginário, possivelmente improvável e de cunho totalmente etéreo, ele explicitava em palavras o que vinha acontecendo pela direita, pelo centro, pela esquerda... Da cabeça e do corpo.

---- Você é de direita?
---- Acho que sim. Tenho a mente que tenta ser reta, me endireitando toda dia quando acordo. Não consigo todos os dias.
---- Então você é um conservador de direita?
---- Sou canhoto, do lado "sinistro". Escrevo, pego, chuto, acaricio melhor com o lado esquerdo. Tenho lá uma maior que outra: a esquerda. Gosto do social, gosto de pensar que todos devem ter carinhos e abraços, sem conservadorismos.
---- Você é de centro?
---- Bem, centrar-se é sempre um bom exercício para mente. Acho que para o corpo também. Sem exageros de lá, nem de cá.

Todo esquerda e todo direita por que centralizar o sentimento, a vontade, a solidariedade e o prazer pode ser tão monocórdico e acabrunhador. 

---- O que será a vida assim?


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