quinta-feira, 8 de abril de 2010

CONTO VII

INGREDIENTE HUMANO 
Bem, aqui vai um trecho de mais um conto escrito por mim e ainda não publicado. E quando o será? Milhões me fazem esta pergunta... hahahaha.
De número 5 na minha conta da nova fase, chama-se "Ingrediente Humano". 
Versa sobre um personagem estranho que analisa pessoas conforme seu estado de humor  (afinal ele é um jornalista que trabalha na televisão) até que por uma razão desejada por muitos por aí, ele muda. Fiz uma "comparação" entre sentimentos humanos e ingredientes que compõem alimentos e etc. Os nomes são "ótimos": goma guar, espessante, goma xantana, sorbitol... 
A todos que lerem, muito grato. E havendo tempo, façam um comentário.
"Parecendo qual um raucíssono ao ver pessoa que por qualquer motivo o chamasse atenção verbalizaria comentários os mais variados. A preocupação única que devia ter mente em tempos de abstração completa, ao realizá-los, devia-se ao fato de meritoriamente quedar-se a falar baixo. Murmúrios. Como o nome daquela rua aqui em São Paulo: Murmúrios da Tarde. Vale para o corpo, para indumentária e outros objetos, alguns abjetos, que portavam: telefone, bolsas, pastas, MP4, garrafas de água e quaisquer que fossem. Voz e maneirismos adentravam na pequena lista. Corpo, se interessante fosse, merecia um comentário ‘ordinário’ – aquele que iguala todos. Determinados estilos e ou descendência. Proporção corporal. Andar. E pés.
            Para pior ensejar a tarefa o melhor mesmo se fazia pelas pernas. Andando em lugares fechados e públicos, em movimento ou parado. Perfumes logo pela manhã, principalmente àqueles que tomavam banho ‘de', dirigia algumas palavras, no mínimo, similares àquelas que são impressas em bulas de remédio e em adoçantes: metilparebeno, sorbitol, goma xantana, espessante, umectante, goma guar... Quem são os mentores destes nomes para lá de ‘formosos’? Químicos e farmacêuticos aliados aos biólogos são os responsáveis por casar prefixos, sufixos com radicais gregos e ou latinos tornando-os assim dificultosos em ler de primeira mão. Verborragias escritas, necessárias, entretanto que se desnuda em ser engraçada, de um humor sarcástico de trava-línguas. As palavras dirigidas far-se-iam esdrúxulas e ofensivas tais como as citadas, apenas proferidas acompanhadas de um algum meneio e/ou movimento da boca e nariz. E não se apoquentava com o fato de algum outro o visse ou ouvisse, desde que o humano de sua análise não desconfiasse de nada. Edulcorante.
            Chato cabia-lhe bem a uma análise mais detalhada. Reitere-se a questão de sua competência profissional ainda que na redação da TV SP todos o tinham como o mais sério e significativo representante da exigência, beirando a chatice extrema. “Goma xantana neles”, pensava quando ouvia burburinhos a respeito. Não permanecia no emprego para realizar de forma estrita seus afazeres e sim de forma abrangente: recebera, pois duas promoções tão-somente em três anos de trabalho, começando como editor-adjunto depois editor-chefe e agora diretor de redação; sendo responsável pelo horário das 7h às 14h, com o primeiro telejornal, o do Estado, competindo diretamente com evangélicos, culinaristas e desenhos, vendas pela TV... Enquadrando ao modus operandi da grande mídia o pensamento dos espectadores. Nas quartas produzia um programa de entrevistas – Personalidade de Bem – de 1h30 de duração com pessoas ligadas às minorias artísticas, literárias, de carácter físico, sexuais e étnicas. Concorria diretamente com o futebol da TV Universo pelo horário nobre e invariavelmente perdia pelo placar de 20 pontos a 12 de audiência na Grande São Paulo e Baixada Santista, média dos últimos meses. O índice alcançado superara os previstos oito pela direção da emissora quando foi ao ar o primeiro programa há dois anos; e agora dava o segundo lugar das 21h30 às 23h (a sobremesa doce quase inatingível). O formato em câmara de poucos cortes e secos enquadrava o entrevistado em vários planos. Cenário composto pelos arranha-céus paulistanos e iluminação um pouco difusa, música baixa ambiente. Como cada entrevistado idiossincraticamente possuía suas diferenças o cenário sempre tinha um toque diferente acompanhado a arte/obra e/ou personalidade do convidado fosse de alta tecnologia ou primitivista. Gaio assinava o roteiro. A direção fica sob responsabilidade de uma quase amiga."

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