terça-feira, 19 de abril de 2016

VIAGEM CCLXXV - A CARNE DE MOER

Reprodução sem fins lucrativos [endereço abaixo]
É o que somos: a carne de moer, uma, duas, três vezes. 
Muito mais vezes!

Sebo, nervos e gorduras,
somos a carne podre!

a carne infecta de bigatos
a se contorcerem!

a massa ignara,

a bucha de canhão,

os burros de carga,

os soldados da linha de frente,

os feridos deixados para trás,

o peso morto,

os vivos pagadores de contas,

os pagadores de impostos com o couro arrancado,

os que suam, dia após dia e noite após noite,

os que erram tantas vezes na vida,

os que se transtornam.

Somos aqueles nas filas dos hospitais,

esperando um dia, quem sabe, talvez... 

os desempregados, milhões deles,

os empregados sobrevivendo com misérias "doadas",

os que acordam cedo e seguem, seguem pelo dia, seguem sem fim,

os descamisados,

os pés-sujos,

os drogados de álcool e de todas elas,

os inocentes enjaulados,

os deficientes em um mundo que preza a eficiência física,

somos os feios e as feias,

somos os negros relegados e renegados,

os homens e mulheres gays assassinados e desmerecidos,

as mulheres estupradas, as que apanham,

Somos os traídos, somos os enganados!

Somos a carne de moer!

E somos carne de segunda... Quiçá sejamos tratados como de terceira.

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