terça-feira, 5 de abril de 2016

VIAGEM CCLXXIII - LAMBE-LAMBE

Arquivo pessoal
vestimos, eu e você, com vertidos suores, 
de um vapor que exala das mais variadas vertentes dos corpos 
caindo ao chão varrido
você vem, fica e lavra meu corpo
em um labor que nunca tive;

lambemos cada gota

as gotas no chão varrido, 
limpo feito o amor que nos nutre,
(e que nos faz deitar abraçados 
em ganchos de pernas e corpo todo),
que nos ensina cada dia destas nossas existências;

em lambidas extensas 

e os dias se seguem resolutos,
inexoráveis e implacáveis, comendo o futuro
mastigando o tempo, engolindo nossas vidas
de intensa febre e delírios
dominicais e nunca sabáticos; 

eu lambendo meu domínio

variadas manhãs de sábado, visitávamos-nos
alternando nossas casas, 
uma no Paraíso, que de forma paradisíaca falávamos de nós,
outra na Liberdade, que liberávamos os anseios que tínhamos
um pelo outro;

você lambendo seu domínio

os outros já não contavam mais,
vindos de onde viessem tornar-se-iam
apenas figurantes, de fulguras mil,
porque nos bastávamos para explicar,
elucidar, e embrenhar-se na vida visceralmente;

lambidas frêmitas mútuas

em fotos de 'lambe-lambe' que tiramos ontem mesmo
corpos que aparecem,
bocas que se alcançam,
apertos de satisfação 
que nossa mutualidade nutre

pelos cantos, os suores lambidos sem hesitação

viver ao seu lado:
é verdade

não paramos com o exercício do êxito

vastidão de vida: 
é ao seu lado

de deglutição de gozos

voltas e mais voltas:
e sempre me cerco de você

somos lambe-lambes: eu de você, você de mim

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