sexta-feira, 22 de abril de 2016

48] CENÁRIO SP - BRASILIDADE/COSMOPOLITISMO

Arquivo pessoal - imediações do metrô Paraíso

Tanto se falou, tanto se escreveu e ainda tanto se faz isto. Mas ainda é pouco, ele diria que "é quase nada porque São Paulo merece mais porque é mais, porque é tudo isto e porque é brasileira e internacional, cosmopolita e interiorana, moderna e caipira, grande e pequena; e é alfa e beta e ômega".

Quando se propunha a escrever sobre a cidade de nascimento, ele nunca sabia quais direções tomar para que o que fosse escrito contemplasse a magnitude e os microcosmos paulistanos nas digitadas linhas.

Números da economia? As porcentagens de PIB, os reais da renda per capita, os serviços que só se encontram por aqui? Os carros, a densidade de negócios/eventos?

As gentes diversificadas? E toda a miríade dos milhões que compõem uma das maiores manchas urbanas deste pequeno planeta. Para ele, morar aqui pressupõe a singularidade que só mesmo a pluralidade de São Paulo alimenta. "Como escrever sobre eles?", se indagava pensativo como sempre.

Humor? Blague? Zoação? Sobre a facilidade que os que aqui se encarapitam e que pregam o auto-deboche para poder serem melhores no dia a dia é uma das razões que em São Paulo a vida não anda "no barquinho que vai e que vem, sob o azul do céu". Não. "Quem ri de si se ama mais, quem ri de si invoca com mais assertividade a resolução dos problemas", ele declarava.

Então, ele se esforça sobremaneira e, às vezes, se embatuca tentando escrever aquele algo que nunca fora escrito, que nunca fora lido. Mas o que poderia ser?

"Sempre tive para mim que a modernidade de São Paulo é tão aos olhos saltada que aqui até  o que não se encaixa neste ponto tem lugar. Tradicionalismo dos povos, italianos, japoneses, bolivianos e coreanos, só para citar alguns, se mistura com os novos movimentos que aqui chegam vindos do 'Norte Maravilha' e se mistura com os criados aqui mesmo, sobre este solo de Piratininga".

A mais brasileira de todas as cidades do país-continente debruçado no Atlântico de penetração intensa e sem medo pelo continente sul-americano. Você pode vir de São Miguel do Gostoso, de Varre-e-Sai, de Pau dos Ferros, Braço do Trombudo, Entrepelado e tantos outros que, com certeza, encontrará algo, algum sentido/lembrança que o fará sentir-se um pouco em casa.

A mais internacional de todas as cidades brasileiras neste esparrame que São Paulo fez ultrapassando a Serra do Mar e deitando-se no Planalto Paulista. Africanos pela São João, alemães no Brooklin, italianos na Mooca, judeus no Bom Retiro, sírios-libaneses no Centro, coreanos na Aclimação.

E na Paulista, todos de todos os lugares deste mundo.
Dualidade que não se choca: "pervertem-se" em lascivos emaranhados de pelos e pernas, "pervertem-se" em lambidas em recônditos lugares, de encontros em estações subterrâneas, de amores e amizades improváveis que se convertem em grandes probabilidades.

Internacional, brasileira, paulista e paulistana: São Paulo.

Nenhum comentário: