sexta-feira, 11 de julho de 2014

VIAGEM CXCIV - REFESTELAR-SE

Um depois do outro, seguidamente, em um total de... De... Acho que ele perdeu a conta depois do número 5, que ainda vieram mais em uma sucessão que lhe trazia poder, vontade feita, obediência e claro, uma sensação de ser desejado em absoluto e que os outros não se controlam para ter, mais forte que qualquer princípio de autocontrole.

Refestelava-se nestas noites que poderiam ser noites de segunda-feira, terça-feira, quarta-feira... Domingo. Começara a levar parte de sua vida assim já há alguns anos e cada ano que passava, havia um aprimoramento no rol do teatro da dominação. Refestelava-se, talvez como os imperadores das dinastias de Roma - tinha sonhos recorrentes nos quais era o chefe da guarda pretoriana.

"Ganhava" assim sua vida - algumas horas, seja dito. Não, ele não vendia o corpo ali pela praça da República, rua do Arouche, Parque Trianon, ou em clubes fechados. Nada disto. Nem cobrava seja quem fosse. Gostava de estar neste controle, de empurrar mais, de fazer chorar e de ser atendido. Depois pegava seu velho GT anos 80 - que fumava óleo quase todo dia - e saia ainda melado das salivas em profusão por sobre seu corpo.

Não era bom, tampouco ruim; porque um homem não pode ser medido no carácter exclusivamente pelo poder que tem e que recai sobre outros. Mantinha apenas a vontade de ter-se como príncipe, ou ainda, como rei, o qual "súditos" de todos as espécies pudessem ter acesso desde que demonstrassem o desejo e ânsia. E que lhe dessem prazer sofregamente - que se esforçassem, que precisassem.

Resultava em um modo de dominação que lhe posiciona como um homem alfa. 

Nenhum comentário: