quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

VIAGEM CLXI - A CHUVA QUE ACABOU DE CAIR

Reprodução [endereço abaixo]
Caíam os pingos restantes da chuva de verão de há pouco tempo na cidade; barulho na telha de metal; ecoa com nitidez cobrindo metros e metros. Pode ser um ruído que o faça dormir com certa tranquilidade, vazando pelos ouvidos um som ritmado e mais para o grave. Agora o céu tem algumas nuvens avermelhadas e intui que deve voltar a cair água logo pela manhã. Relógio sem tique-taque marca 2h17, no horário inventado de bom gosto.

Pingando... Pingando...

Faltando pouco para o meio da madrugada do segundo dia, com um silêncio mais categórico que de outras madrugadas que cobrem São Paulo, fazendo-a soar menos sons, todos eles são menos por estas horas e as luzes acesas nos apartamentos dos prédio próximos quedam-se em minoria, tudo pelo avanço da escuridão que segue à luz maior do dia. Pode-se ver a luz da TV alternando a cor da luminosidade; também as coloridas luzes que se acendem por motivo específico.
Mas são poucas os quartos/salas iluminadas.

Pingando... Pingando...

Dorme a grande maioria em camas grandes, em dois, ou em um. Algumas devem estar vazias pelas viagens desta época; outras, esperam habitadas por um que mantém-se à espera de quem virá (ou de quem deve vir - seria voltar?). 
Desalinhada, a própria não conheceu arrumação hoje; somente fronhas foram trocadas por novas que cheiram à limpeza de lavanderia. A dele está no time dos que, via de regra, apenas um se deita: ele. No calor destas noites que o obriga a dormir espalhando-se pela território de molas, trajando apenas cueca, existe uma certa dificuldade em pegar no sono. Transpirar é o seu forte para dormir no verão paulistano de trópico desvairado.

Pingando... Pingando...

E agora o que vem? Virando a esquina alguns adolescentes gritando, rindo, correndo e mexendo um com o outro, despreocupados com a chuva que pode cair. A sirene da ambulância sobe a rua com pressa, corta o sinal vermelho e faz um grande strike, jogando dois deles para o alto, freia, bate no poste e quase capota. Ele pôde ouvir a tentativa de frenagem, mas as rodas derraparam pela fina camada de umidade combre o asfalto, da chuva que acabou de cair.
Verão sufocante.

http://www.therealblairfamily.com/we-have-a-court-date

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