sexta-feira, 26 de julho de 2013

87 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - EXAGERADO SEM NADA AOS PÉS

Reprodução [endereço abaixo]
 Acorda com dor. Dor do frio provocado pela intensa massa de ar polar, inédita há alguns anos, que cobre a capital de São Paulo. Os dois edredons o cobrem, mas mesmo assim o ar gelado entra e lhe machuca o tato de seu corpo - costas e pernas até o dedão, principalmente. Eles doem e começam a formigar ao mesmo tempo. Levanta sem hesitação. Vê seus dois companheiros peludos enrolados também com 2 mantas grossas. Rex ronca e Felino ronrona.

Vai ao armário tiritando de frio e pega mais um cobertor de casal (de outros tempos idos...) e o dobra, colocando na altura do torso até os pés. Indeciso se seria o suficiente, pega uma manta e estende sobre todos os outros. Veste mais um par de meia e se rende ao ver a temperatura de 6°C, porque decide vestir uma velha malha de lã e uma calça de moletom tão ou mais velha. 

Deita-se e demora a se esquentar mesmo todo coberto, gorro e quase enrolado feito uma cobra. "Ainda bem que não moro no Canadá, na Rússia ou na Finlândia, no gelo! Se passo mal com este tempo, imagine viver em um lugar que faz -30°C, com exagero, mas aqui também está exagerado e não tenho ninguém jogado aos meus pés! Mas hoje está difícil e a garoa que deixa o ar mais úmido não ajuda, aliás bem atrapalha". Demora bem quase 1h para pegar no sono e só consegue quando finalmente seus pés são aquecidos pelo peso das cobertas. Uma sensação de conforto e alívio. 

"De novo esta umidade. De novo este caminho que não conheço, mas que vai me levar ao meu castelo de pedra escondido logo... Ali, depois de... Sei lá, acho que ainda vamos andar mais 40 minutos. Vamos porque de novo porque meus dois soldados que devem me guarnecer e eu a eles, estão comigo. Caminham,os lado a lado sempre que possível por este caminho às vezes estreito, com pequenos aclives e declives. Sim, posso ver nossa respiração condensando-se no ar úmido e gelado destes lugares percorridos pelos exércitos imperiais de Roma. o castelo, por mim descoberto e até então, desabitado, foi construído por volta de 1100, algo assim. Eu sei porque as pedras confirmam. 

'Estamos sem luvas, mas bem calçados. Devemos dar as mãos, é possível'. Em seguida, um deles o chama. 'Senhor, estou com muito frio, meu nariz está escorrendo e sai lágrimas de meus olhos', me diz o dono dos bichos; já o outro, querendo demonstrar ser mais forte para proteger seu senhor, nada diz, mas bate o queixo quase sem controle. 

'Vamos dar as mãos. Vejam, a ponta da torre do meu castelo! Mais alguns minutos chegaremos lá. Venham, unidos pelas mãos. Seguraremos nossas armas nos ombros'. Assim eles vão. Chegam ao castelo, rumando para o quarto que uma lareira fora deixada acesa, proporcionando uma calor que senão quente, mais aprazível. Há 3 camas emparelhadas em frente ao fogo, quase juntas e pilhas de cobertores. Deitam-se tirando toda a roupa, exceção de cuecas. dão se aos mãos e dormem.

Ele sente um conforto tão grande em proteger e ainda ser mais protegido pelas camas habitadas, à esquerda e à direita, que sorri de um lado e sorri de outro. 'Nós somos três, um pelos dois, os dois por um. Somos melhores e maiores; não passaremos mais frio. Vocês são meus e eu sou de vocês.' Seus companheiros concordam devolvendo o sorriso".

Quase amanhecendo, ele precisa ir ao banheiro, com urgência; sonolento e contente pelo sonho que tivera, desperta ao colocar os pés no chão gelado do banheiro: acontece toda vez, porque mesmo que vá dormir de meia, lá pelas tantas que não sabe precisar, acorda sem elas. Alivia-se e corre para o quarto, veste-as de novo e joga-se na cama cheia de cobertores que quase se perde. 

http://www.photocase.com/photo/81335-stock-photo-man-vacation-travel-feet-free-sleep-bed

Nenhum comentário: