quarta-feira, 3 de julho de 2013

84 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - NOS ANDARES MAIS ALTOS DE SÃO PAULO

Reprodução [endereço abaixo]
Ao castelo de bom tamanho, arejado quando necessário, aberto quando necessário, os três que lá vivem sentem-se protegidos encarapitados nos andares mais altos que a grande megalópole alfa São Paulo do continente e do hemisfério Sul e do mundo oferece na miríade de construções levantadas.

Proteção para viver.
Saciedade de mundo lá fora.
Visões e sonhos pesados, densos, aqui dentro do inatingível castelo.
Relacionam-se, quando necessário, com o mundo exterior.

Basta a vida lá fora: de mandos e desmandos, de tanto sofrimento e poucas alegrias. E se é para ter muito tanto e tanto pouco, ele fica melhor dentro do seu espaço trancafiado; mas ao sol é permitido por lá irradiar luz e calor (ainda mais neste julho gelado que a capital apresenta...). Das luzes laranjas, vermelhas e amarelas - as quentes - eles gosta de todas; acrescente-se os tons de roxo e azul.

Pela fresta aberta da grande porta que acessa a grande sacada, o vento, volte e meia, uiva por inteiro, assoviando feito lobos pelas planícies da Europa na antiga Idade do Bronze. Hoje, o que de metálico ele tem, resume-se a algumas peças de prata, ouro outras vindas da família e o agora possível ex-amigo que ostenta o sorriso metálico que mais tine por estas bandas; claro, e o cuidador de seus companheiros, o qual ele menos entende que o outro.

Nos dias em que noites de inverno judiam da população de rua do "Brasil potência" do governo das maravilhas maravilhosas de Alice instalado em pleno cerrado goiano - no coração seco do país - ele pensa que estes sofrem, tiritam e bebem, ou fumam aquela porcaria inventada por um ser que mereceria as correntes dantescas, ou ainda, comer junto ao Cérbero. Nos dias em que as noites de invernos descem abaixo dos 10°C ele se pergunta "onde está o calor tropical, a lascívia molhada de suor, partes de fora peladas, a preferência nacional traseira, que tanto encantaram os portugueses quando aqui viera e, ainda bem, nos descobriram?".

Nestas noite de frio, ele se veste com uma propriedade meio enviesada: meias grossas, gorro que cobre as orelhas e uma cueca. E só. De quando em vez, usa camiseta e minhocão. Raramente, deve-se ressaltar, ainda mais depois que comprara, à vista, um aquecedor elétrico grande; verdade, que quando se deita à frente, ele tem que disputar espaço com o conselheiro real principalmente e com o príncipe herdeiro.

Enfumaçando a parte social (denominação apenas para que entendamos a divisão do apartamento, porque ali não se recebe ninguém desde o grande fora depois da grande entrada que fizera lá mesmo: sexo dos bons, ao pelo, visceral e romântico, animal e carinhoso, sem pudores... Mas que fora a última vez, por vontade alheia a ele), o cigarro já queimara o carpete em alguns pontos, ali, perto da sacada. 

Porque na parte íntima (aqui, ressalte-se, termo bem apropriado), nada de fumaça. E de outras carnais coisas, apenas ejaculações pelo banho para espairecer toda a vida lá fora e da parte social já citada.

Deitado, hoje, está ele ali. Verbalizando a passagem do último contacto de pele que tivera (também já citado), que o carregara em frêmito ao gozo de ejacular feito uma torre de petróleo nas areias escaldantes de algum emirado distante. Distante mesmo foi o que ouvira logo depois. "Até nunca mais. Tenho que ir. Preciso ir. Eu vou. Sabe por que? Só porque eu já não controlo mais a situação, então eu vou me afastar, porque de sofrer eu não quero mais".

Tempo para responder que ele amava como nunca amara ninguém se desvaneceu e, ainda nu, viu a porta se fechar, com as mãos carregando algumas peças não vestidas. Ficaram o cheiro, o pensamento e, atônito, permaneceu ali na fresta da grande sacada dos andares mais altos sentindo o frio cobrir-lhe os pelos castanhos um tanto fartos: imaginando o porquê... Foi o começo do que se segue até agora.

http://www.roblox.com/Night-building-Texture-6-item?id=50102085

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