segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

59 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - FOSSO AO REDOR

Reprodução [sítio abaixo]
Dormiu mal e hoje pela manhã acordou cansado com a sensação de haver tomado uma "coça", igual àquelas de quando criança recebia por birras e promover guerra entre primos e irmãos. Nestes tempos, não há mais guerras deste iguais, só as que ele trava consigo mesmo, que são fazem as do passado parecerem manteiga derretida.
E hoje, agora, está travando uma contra o incomensurável sono porque sua cama parece que resolveu ficar aconchegante exatamente agora, de manhãzinha, querendo-o impedir de se levantar para ir trabalhar. Relógio desperta 6h50 só para constar porque ele desperta quase sempre antes. E hije não foi diferente.

Ambos convivas do castelo invencível - aquele que é uma fortaleza inexpugnável - já estão acordadíssimos demandando atenção e carinho: Rex, o príncipe herdeiro, esbaforido, energizado, corre de um lado para o outro; Felino, o conselheiro-mor, em seu peino aninha-se miando baixinho olhando para ele como que dizendo: "Ei, estou aqui. Vamos acordar? Quero que você se levante". Rex, com seus latidos: "Vamos passear? Vamos brincar? Estou super animado", e arfava com a língua pendurada indo e voltando.
Pela manhã, normalmente, sai com o cachorro para ele fazer suas necessidades pelo bairro ali mesmo. Existe uma praça em construção, pronta praticamente, em que ele gosta de passear e cheirar tudo o que lhe é de direito. E ele tem certo que ele pode cheirar tudo mesmo, porque o que tem ali é para ele meter o nariz gelado e úmido.
Enquanto decide se fica mais um pouco na cama, vê pela fresta da janela de correr nahorizointal que o dia vai ser quente com sol espalhando calor e distribuindo cores. Tenta se lembrar do sonho com precisão, com afinco e tudo o que consegue é u grande vazio na cabeça. Esforça-se aproveitando o pequeno intervalo que os bichos lhe dão agora e queda-se quieto para relembrar. Alguns imagens quebradas.

"Olhando para baixo, o castelo agora parece mais alto do que sempre foi. As paredes do lado de fora, com limbo verde se espraiando, lembra-o que ali fora construído, com mais de mil anos de idade, para proteção contra os inimigos. As pedras retangulares em suas junções pareciam um tapete verde. Embaixo o fosso de água turva e marrom provoca-lhe um efeito de maior proteção. 'Pela água, ninguém vai vir'. Andando pelo castelo, mudando seu ângulo de visão, ele avista os dois sentinelas que sempre o acompanham e que são parecidos - se de fato não os próprios - com o veterinário dos bichos e o cara do sorriso metálico.
O primeiro faz um sinal para ele descer porque quer lhe falar. Ele desce a escada em caracol  vários lances até chegar ao térreo meio tonto.

--- Bom dia. Pode falar?
--- Hoje sei que teremos uma grande invasão vinda por todos os lados. Mas o que me preocupa é a invasão aqui mesmo pela frente. Eu e ele daremos conta, mas você não pode ser visto em nenhuma janela porque somente sua silhueta pode dar a eles - nossos inimigos - uma força que eles sequer imaginam possuir. Peço com todo o respeito que lhe devo, porque é meu senhor e porque devo protegê-lo, que fique em seu quarto com a janela fechada e em silêncio. Fazendo isto, a batalha será curta e bato no meio do peito e reverencio o senhor que ela será vencida por nós. Temos uma inspiração: o senhor e melhor que esta não há. Quero que saiba que eu e meu companheiro de armas e posição estamos seguros de nossa vitória e que o senhor temer não deve. Aprendemos tudo à risca depois de tanto treinamento e dedicação. Ouça, parece que eles ja vem chegando ao longe; um rumor de gritos de guerra vem se fazendo ecoar por estas nossas bandas. Perdão, por suas bandas porque tudo aqui é do senhor. Repito: estamos aqui tão-somente para manter este status e lhe trazer o máximo de conforto.

Ele sobe e aguarda o desfecho escutando tudo de orelha em pé, porém quieto e imóvel. Sendo um chefe, o manda-chuva, o rei, o dono, é bom de quando em vez, atender uma solicitação de defesa de um imediato seu, ainda mais aquele imediato que lhe devota a mais do que tudo. Sente uma mansidão aconchegante que ao fim da contenda, ele se deita e dorme o sono que fazia tempo não possuía.


Quando desperta de novo deste pequeno interregno de sono com o Rex e Felino deitados no tapete felpudo, ele vê com clareza o dia e o fato que deverá fazer com muita atenção seu trabalho. Há que se proteger do dia a dia da segunda-feira que, ao contrário das anteriores, terá um fim digno e tranquilo.

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