segunda-feira, 3 de agosto de 2009

RECESSÃO DEMOCRÁTICA

MOCINHOS CONTRA OS BANDIDOS
Do Rio Grande – fronteira do “quintal” do poderoso Tio Sam com o México – até a Terra do Fogo o que se viu em décadas recentes foram arbitrariedades, massacres, intolerância que culminaram em golpes de Estado e em ditaduras. Apesar de que alguns ainda insistem em regime de partido único, coisa que os dirigentes da maior ilha do Caribe se aferram (aqui não vou mencionar as ilhas do Caribe em poder de (ex)-metrópoles européias, Porto Rico que não sabe o que quer ser e as excrescências coloniais na América do Sul: Guiana Francesa e Malvinas).
Bem, voltando ao imenso naco de terra aqui do Ocidente habitado por mais de quatrocentos milhões de habitantes, o que se vê é uma democracia em recessão, como afirmam alguns analistas políticos e que a presidente do Chile, Michele Bachelet, parece concordar. Segundo a mandatária chilena, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, “há especialistas que dizem que vivemos tempos de recessão democrática, que existem democracias débeis. É preciso olhar com cuidado os processos que podem estar acontecendo na América Latina e possam estar debilitando a democracia. A democracia precisa ser cuidada por todos, o tempo todo. Mas é preciso oferecer, ao mesmo tempo, os bens e serviços que a população necessita”.
Bachelet entrega o poder ao sucessor no fim do ano terminando assim seu mandato de quatro anos com índices de popularidade que chegam perto de 75% de aprovação. Entregará o poder ao sucessor de maneira pacífica e democrática.
Será que o Chile é uma exceção no que concerne à democracia e a provimento das necessidades básicas?
Se olharmos com atenção, a recessão democrática (termo para mim muito bem empregado) atinge alguns países aqui da América Latina. Senão, vejamos: Honduras, Bolívia, Venezuela, Equador, Colômbia. Não incluo Cuba em recessão democrática, pois para haver tal recessão tem que haver democracia, o que não é o caso. Desde a independência da Espanha em 1898 quando foi ocupada pelos “mocinhos americanos” até agora o povo cubano nunca experimentou o poder que emana do povo.
A época dos golpes, da censura, do fechamento de empresas de telecomunicações, da arbitrariedade parece que reviveu qual a Fênix. Honduras é o exemplo mais gritante: lá, o louco do Zelaya tentou dar um golpe e os tão loucos quanto, porém mais ‘sagazes’, contragolperaram o golpe que não se consumou. É um precedente perigoso em um dos países mais pobres do continente. Chávez, como lhe é bem idiossincrático, vocifera, bate na mesa, diz que restituirá o poder em Honduras. Ora Chávez, o melhor e se conter e recolher-se a sua insignificância no conflito. Em tempo: ele quer fechar várias rádios e TVs em seus domínios. É no mínimo risível caso não fosse disparatado: porque os dirigentes políticos têm dificuldades em conviver com a imprensa? Censura? Sentimento egóico?
Rafael Correa, o presidente equatoriano, parece procurar por encrenca ao lado do seu mentor e caudilho venezuelano, contra o lacaio dos americanos: Álvaro Uribe, presidente da Colômbia. Uribe também tentou o terceiro mandato; Chávez em sua democracia de farrapos cheia de referendos e plebiscitos alcançou poder ter reeleições ilimitadas.
Não nos esqueçamos também que há rusgas entre Bolívia, Peru e Chile; Venezuela e Guiana; Colômbia e Nicarágua. E só para citar as rusgas internas o caso boliviano é bastante premente; entretanto, o México é um caso à parte. Como diz um velho ditado da terra de Emiliano Zapata: “pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”. O narcotráfico começa assustar o “establishment” de Obama e fronteira entre os dois países é emblemática: do lado de cá os esfaimados, do lado de lá os opulentos.
O que me assusta é a tal da recessão democrática que parece se “tentacular” cada vez mais. Só que vale acrescentar que enquanto o Brasil estiver sobre os trilhos democráticos fará a balança pender para o time dos “bonzinhos”. Caso contrário...

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