sexta-feira, 14 de agosto de 2009

REFORMA DO CONSELHO

TUDO ESTÁ FORA DA ORDEM NESTA ORDEM
Cinco são os países que têm direto a voto no Conselho de Segurança (CS) da ONU: Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia. Estes têm poder de veto – permanente – sobre qualquer discussão interna do CS, o que basta para inviabilizar negociações, aprovar moções e tudo o mais.
A ONU foi fundada em 1945 logo após o término da II Guerra Mundial e hoje abrange mais de 190 países que lá possuem assento e voto em Assembléias Gerais. Os vitoriosos do conflito são as nações já citadas e que por “coincidência” mantêm um poderio nuclear para efeito dissuasivo.
Durante décadas este CS se manteve ao longe de reformas e questionamentos de mudança em seu seio, entretanto, nesta primeira década do século XXI, alguns países começaram a intencionar uma reforma para que a nova ordem mundial estivesse mais bem representada. Claro está que o país mais reticente a um rearranjo é o EUA de Obama. Mas quem acharia diferente não é? Eles são os superpoderosos americanos, ou melhor, norte-americanos. Afinal, americano eu também sou; assim como qualquer guatemalteco, trinitino, paraguaio...
Voltando à reforma do CS. Diante deste anseio quatro países (G-4) se juntaram e apresentaram por duas vezes uma proposta de reforma: Alemanha, Brasil, Japão e Índia. Vale ressaltar que o CS é formado por 15 países, sendo dez rotativos distribuídos eqüitativamente (?) entre os continentes e com mandato de dois anos. Além do quinteto, Áustria (Europa), Burkina Fasso (África), Costa Rica (América Central), Croácia (Europa), Japão (Ásia), Líbia (África), México (América do Norte), Turquia (Ásia/Europa), Uganda (África) e Vietnã (Ásia) estão representados no clube superpoderoso. Mas sem direito a veto. Propõem, discutem, votam... E pronto.
A reforma apresentada pelo G4 previa a inclusão, obviamente permanente dos respectivos e uma melhor distribuição na rotatividade dos outros que são eleitos nas Assembléias Gerais. E decidiram, para tornar a proposta palatável, manter o poder de veto apenas para os cinco. Nem assim passou, devido à morosidade e a falta de interesse dos EUA, mas também a fortes resistências de outro grupo – “G-4 do B” – que se opôs com veemência à inclusão de Brasil, Alemanha, Índia e Japão.
E quem são eles? México e Argentina se são contra a inclusão do Brasil como membro permanente e propuseram então uma rotatividade na representação latino-americana. Onde fica a permanência? Creio que a Argentina poderia rever sua posição... Não somos irmãos de mercado? Vizinhos inexoravelmente ligados e interdependentes?
Contra Alemanha veio a Itália que se sentiu discriminada por não estar incluída no G-4. Acrescenta-se o fato também que das potências européias, seria a única não representada e por isto os italianos se declararam formalmente contra a inclusão dos germânicos, a menos que fizessem parte. O caso do Japão soa mais complicado porque quem se opõe é a China que mantém uma disputa velada (por vezes escancarada) pela supremacia econômica na Ásia e por laços históricos marcados por ódio mútuo: guerras, limpeza étnica, conquistas territoriais fazem parte do “imbróglio”. E por fim temos o caso da Índia que o Paquistão, outra e única potência nuclear islâmica, não vê com bons olhos (e diga-se de passagem vê com péssimos olhos), a inclusão de seu vizinho e adversário militar há décadas no clube superpoderoso. Tensões militares e religiosas estão no balaio.
Como se vê, a questão vai se arrastar por mais um tempo. O que não elimina o fato de que – mesmo os que são contrários à reforma – mais tempo menos tempo a reforma virá e todos sabem disto. Necessário se faz restabelecer uma ordem mundial porque esta ainda se prende às amarras do século XX.
Por uma nova ordem mundial já!

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