terça-feira, 1 de agosto de 2017

VIAGEM CCCXXVII - "QUEM É LOUCO DE CRER NOS HOMENS?"

Arquivo pessoal - Aclimação, São Paulo
No começo, ele mantinha sonhos e vontades advindas para realizá-los; isto lá na virada dos 20 para os 30 anos. Empenhava-se em possíveis relacionamentos, aprendia a ouvir (hoje é o seu forte), dedicação para fazer dar certo e um sem-fim de outras atitudes que denotavam seu comportamento esperançoso.
Louco! Louco mais uma vez. Louco mesmo! 

Das barrancas do rio Paranapanema, veio morar em São Paulo logo completados seus 18 anos. Curso técnico em informática/processamento de dados. Dinheiro para tanto? Das poucas vezes que obtivera sorte nesta vida, foi desta vez: seu padrinho, vereador mais votado na cidade de 7 mil habitantes, deu-lhe de presente o tal curso e estadia paga em quarto de família por 12 meses, nos Campos Elísios. Anos depois se formou em uma faculdade em TI; pretende um dia fazer algum tipo de pós.

Ele mesmo julgara o presente, à época, exagerado; mais tarde, aliás, coisa de uns anos, descobrira que ele ganhara as despesas pagas para que o seu mentor pudesse se redimir do relacionamento com sua irmã logo que ela se casara com o próprio filho. E que ainda mantém; às expensas de ela estar hoje viúva, o caso é ainda não oficializado. Na cidade onde o tempo nunca passou tamanha modorra, rezam as línguas das candinhas de plantão que o marido se matou... E que foi de desgosto. 
Louco mesmo se matar por isto!

Hoje mantém um pequeno, porém próspero negócio - em que pese a crise que vem assolando o Brasil desde 2014 - e vê sua clientela aumentar mais e mais. E vive para isto, tão somente. Hoje o frescor da vida que só a esperança traz deixou de existir. Agora, passados quase dez anos, prestes a entrar nos "enta", ele é pragmático, severo com ele mesmo e trabalhador incansável.
Loucura?

"Loucura é crer em ser humano, porque dos que conheci não se salvou nenhum. Loucura é crer que eu manteria o tal frescor dos 20 e poucos. Loucura mesmo, e das boas, é ganhar $ e viver sem ninguém. E por fim, é loucura achar que eu sou melhor que os desacreditados seres humanos são para mim: eu também desacredito em minha capacidade de me relacionar.

"Loucura é achar que a felicidade está no corpo de outro ser", dizeres da grande placa instalada na entrada do seu estabelecimento, completado logo em embaixo em letras menores com "prefiro, portanto, manter-me são".

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