domingo, 13 de agosto de 2017

VIAGEM CCCXXIX - RAZÕES PARA AJEITAR A VIDA

Arquivo pessoal - Bela Vista, São Paulo
Tudo para ele nesta vida, ou como ele afirmava nesta "miserável vida" (e ria de esgar), dava-se para dar um jeito, que não era o famosos jeitinho brasileiro. Este último, ele mesmo abominava todos os subterfúgios para se dar bem decorrentes destes arranjos e não que era o cara mais honesto do mundo, pretensão descabida e impraticável.
---- Não existe mais honesto  ou menos honesto, correto?  

E como ele quase sempre conseguia dar um jeito em tudo, se transformara no cara que mal-humor, amargura e rancor não o possuíssem. 
Podia ser no trabalho, no caminho para tal, na volta, em casa e na rua: sua lei primeira era não se exasperar.
---- Se o desespero tomar conta de sua cabeça você não consegue resolver nada. Digo mais: tudo vai piorar e um problema fica superdimensionado.

Reitere-se que ele o adjetivo "fodão" era aplicado a ele por estas características, apenas um detalhe: para ele esta aplicação era bem desgostosa. Por que? Bem... Porque, em primeiro lugar, achava-se um cara normal, destes que aos montes povoam o planetinha e, que, por isto, ele nem subiria neste "palanque" egoico para sambar na cara da tradicional família brasileira.
---- Sou um cara na média. Normal, mas longe de ser tradicional.

Aí ele mencionava uma costumeira explicação: sua família estava no panteão dos paulistas quatrocentões, desde os 1700 e poucos. Os quatro sobrenomes escancaravam, faziam a tradição explícita aos outros. Havia a tradição na heráldica bandeirante, tão somente. Porque ele rompera com alguns parâmetros do tradicional família brasileira (e paulista, óbvio).
---- Nossa! Sem esta de ser conservador, careta e policial da vida alheia.  

Ele poderia dar 400 razões para fugir deste tradicionalismo: que não tinha nada a ver com os sobrenomes todos, porque ele fazia questão de assinar (G.R.C. B. de M.) na rubrica. Nada disto. Bastavam algumas para romper com o tradicionalismo vigente. E todas elas se referiam ao seu modo de viver a vida e como ele se dispunha a crer que tudo tinha jeito.
---- Morte? Verdade: só ela mesmo para bagunçar a existência de qualquer... E bagunçar a vida daqueles que ficam. Estes sofrem agonizantes de saudade. 

Metrô, porque não tinha carro; namoro aos 40, porque casar-se estava no fim da fila; pai solteiro, porque adotara um menino de 5 anos; sexualidade resolvida, porque aceitara-se gay; casa no Cambuci, porque nos Jardins era muito caro; de bem com a vida, porque ao trabalho ele dava apenas o que o trabalha merecia.

Tentativas seguidas de ser feliz, porque deixa-se abater pelas agruras - inúmeras - da vida quedava-se para fora de seus anseios. Conseguia sempre ser feliz? Claro que não, mas nem por isto se abatia: isto fazia com que ele, uma vez depois da outra, tentasse. Assim sua razão se desenvolveu

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