terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

65] CENÁRIO SP - À BEIRA DO PRECIPÍCIO, TUDO É PRAZER

Arquivo pessoal - Chuva/Aclimação/São Paulo
andando na beira do precipício, pelos prédios mais altos da cidade de São Paulo, ele pula de um para outro, como em um desenho animando no qual não há obstáculos à fantasia. 

sua fantasiosa andança tem nome: o auto-controle em "passear" por ali, caminhando no percalço, caminhando colado ao nada, pelos beirais, muros e adornos arquitetônicos (neste quesito, o Martinelli se sobrepunha - mesmo sendo um "anão" diante dos outros, quedara-se o preferido)

há bem pouco (meses talvez), caía a toda hora que tentava ali andar por estes lugares; claro do lado de dentro. 

e por que caía desabando ao chão igual a jaca podre do pé? pelo vento, pelo desiquilíbrio, pela vertigem, pela atração da queda, pelo vento entrando ferozmente em sua narinas (e gostava deste último fator), alargando-as? 

caía mesmo porque tudo o que fazia, ou melhor, tudo o que o impelia a andar pelos muros protetores dos altos prédios de São Paulo, possuía uma verdadeira relação com o uso, com o antes, com o que ele realizava insanamente momentos atrás. Atrasadamente, ele percebia que caminhar por ali adiantava alguns problemas... Afastando-os.

tamanho era o desejo e equilibrar-se que este se tornara uma espécie de remédio às avessas: em geral, para pessoas que querem se curar, o medicamento é adquirido para sanar um problema (lembram-se da insanidade citada logo acima? pois é... Paradoxal total); porém, no caso dele, o vício era para não se curar; era para se tornar mais e mais dependentes.

nestes lugares, o que ele via, como no COPAN, era a casa das máquinas; no Itália, a vista de 360° e proteção inócua do vidro blindex erguido para "uns idiotas que sucumbiram à tentação, e, deliberadamente, se jogaram". 

ele? longe de se jogar, assim pura e simplesmente, por protesto e/ou para causar problemas aos outros: ele é um sobrevivente, porque se joga por prazer, por resolução a médio prazo e para sentir o ar violando suas vias aéreas. Tinha a ver com ele tão-somente.
agora, me respondam: por que ele precisaria de mais motivos, um sequer que fosse.

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