sábado, 25 de junho de 2016

VIAGEM CCLXXXVII - UM SUPORTE PARA RECONCILIAR

Arquivo pessoal - Teatro Municipal SP
suportar, depois separar
desencostar-nos um do outro, apoiando-nos solitariamente

espicaçar a dor para longe?
(parece não ser possível)

vem a fase de remediar, mas remediar o que?

todo aquele leite derramado pelo chão frio e branco, 
onde tantas vezes nos roçamos?

de todos os barulhos de fora... eu não ouvia nenhum
som,ente sua boca ao dizer indescritíveis desejos, 

remotos desejos, recônditos desejos
em perfeito frêmito de pelos

viscerais e sufocantes beijos
ancestral e apertado abraço

daqueles infindáveis apertos,
sentindo seu hálito, respirávamos o ar que saía de nossas bocas

cansadas, mas firmes
inebriadas, mas alertas

fazendo nossas protuberâncias saltarem, intumescerem-se
arfávamos, arfávamos sem parar e agora?

remédio amargo esta tal separação

"porque o suporte de antes já não existe mais"
por qual motivo estamos onde estamos?
em frente um ao outro,

rasgando as palavras, ofendendo nossas honras 
e ainda nos amando?

qual o remédio para tudo isto?
aquele amaríssimo fel que deixa nossas bocas com gosto de bílis?

fico sem entender para onde iremos
separados, cada um em seu caminho...

poderá haver um caminho de reconciliação?
(mínimo, estreito, curvo... poderá?)

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