segunda-feira, 13 de junho de 2016

VIAGEM CCLXXXVI - HORAS QUE PARARAM O TEMPO

Arquivo pessoal - Praça do Patriarca/São Paulo
Mais uma vez chegou a ele, desta feita um papel impresso em sua mesa, estrategicamente ali posto. Leu com atenção se demorando em detalhes que estavam, quiçá, um tanto incompreensíveis.

Quem poderia ser? 

Não fazia a mínima ideia; gostaria de saber para poder conversar sobre, explorar mais tal mente e saber mais sobre a pessoa. Porém, esta vez seguiu as outras: ficou sem saber o autor e parou de se ater a isto, pelo menos por hora...

"a dor no frio é de matar, machuca, corta, "queima"

o frio da dor solitária transparece em nossas caras, em nossos corpos

a dor de ver você ir é sofrimento

o frio sem você na cama é imensidão

a imensidão do nosso amor é a cama desarrumada

desarrumação de meus sentimentos quando você para longe

espera de dias, de semanas, com os ponteiros lentamente a andarem

imaginando, fantasiando em derradeiros gozos solitários

separados e, por isto, somente em reparos nestas construções solitárias de prazer

nos dígitos do telefone um alívio

minutos que nos ouvimos se tornam bálsamo benigno para nossas vidas

depois... Vem o dia todo com suas tarefas, problemas, definições 

pessoas e toda a cidade que frenética se move, 

desvairadamente se mexe, se chacoalha, se requebra

e São Paulo vai seguindo adiante o tempo porque não para nunca

mas as horas... quão feitoras elas se tornam,

a vida longa longe de mim e longe de você

de intermináveis horas que não cessam de parar a a cada vez que olho o relógio

parecem paradas no tempo

tempo que não é nosso amigo

porque se fosse, este tempo de estarmos distanciados não teria tempo".

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