sábado, 6 de fevereiro de 2016

VIAGEM CCLXIV - OBSERVAR E ESCREVER

Arquivo pessoal - Vista parcial de Piracicaba
Porém sem participar diretamente nas observações; o prazer dele está, apenas, em observar a todos e a tudo. 

Assim ele pode chegar em casa com ainda tudo na memória da cabeça ou do telefone (foto, filme e/ou gravação... Anotações também) e  escrever como melhor lhe aprouver, ou como mesmo diz "ao meu bel-prazer". 

Porque, então, ele pode direcionar e decidir na tentativa de se livrar dos próprios patrulhamentos "que são os mais severos, os mais difíceis de mandar pra PQP. Severos como Septímio?", e ria. O funcionamento de escrever tem que ser um libelo à própria liberdade

Mania que adquirira ainda adolescente de se passar por alguém mais agradável, mais palatável ao padrões vigentes à época (e que ainda vigem). Diferentemente da tal período que se estendeu por um tanto da vida adulta, hoje ele luta para não imitar estes padrões, luta para não impor auto-censura.

"Tudo pode ficar pela metade, meio capenga, se eu não conseguir escrever sem amarras. Porque o que vale um escritor que se perde em seu limites, que não os ultrapassa, que não escreve sobre o que não concorda, sobre o que não vive, sobre quem sobrevive?", intuía e mesmo tal frase fora escrita no espelho do banheiro que apenas ele usava. 

Motivo? Para se recordar que um escritor deve exercitar o novo, o perigo, para saciar-se jamais... Tem funcionado desde um bom tempo: ao acordar pela madrugada várias vezes, a luz forte do banheiro incidindo no branco papel de letras altas e negritadas precisam sempre ser lidas e observadas. 

Inspirações vão e vem. Pessoas também; ideias idem. A patrulha... Hum... Se ele se descuidar ela toma conta, domina-o e ele fracassará de maneira inequívoca. "Não quero fracassar, não mais do que me é devido e que me foi imposto sei lá por quem". Porque a estas imposição devida ele não tem rédeas nem poder de atuação.

Escrever é um ato de sucesso, de retomada, de manietar a própria vida. Ele pode atuar como quiser. 

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