quinta-feira, 23 de julho de 2015

VIAGEM CCXLVIII - O CÃO QUE NÃO SUBIA MAIS AS ESCADAS

Reprodução [endereço abaixo]
Aconteceu aquilo que ele menos esperava, mesmo que seu cachorro já marcasse 13 anos no seu relógio biológico canino - e os grandes vivem menos, portanto, o dele já devia estar nas horas extras; ambos haviam passeado pela parque da Aclimação no finzinho de tarde, daquelas bem geladas como convém ao mês de julho em São Paulo. 
Faria 14 anos em agosto, o cão, é claro; ele já beirava os 45.

Recorda bem o dia que adotara o mestiço de boxer com vira-lata, em uma manhã invernal do mês do cachorro louco (só faltou ser sexta 13 e lua cheia - não era... Bem, quanto à fase lunar ele não se lembra). Rex completara apenas 25 dias até então, e o jeito como ganiu e a mistura de raças encantaram seu futuro tutor.
--- É este que eu levo para casa. E levo agora! Ele é muito lindo!

Meio que sem entender nada, Rex (fora batizado a caminho de casa) veio dormitando no banco de trás dentro da cesta forrada com um edredom já meio gasto. Claro que um xixi também aconteceu, o que o fez posicionar-se longe o máximo que conseguiu dentro da cesta. E voltou a fechar os olhos.

Hoje, entanto, seu amigo acordara mais tarde, nada usual em se tratando de quem desperta quem no velho sobrado perto do cemitério de Vila Mariana. Subir as escadas tornara-se um martírio para o conjunto coxo-femural do cão e, por razão disto, o humano montara a cama na sala bem confortável dispondo de uma forração especial para os dias de frio na cidade alfa do Brasil. A displasia canina o atingira.

Rex não subia os 15 degraus tinha um ano, mas mesmo assim, ficava no primeiro, logo às 6h/6h30 ganindo baixinho e arriscando uns latidos de baixo tom - tudo para acordá-lo. Bem, verdade que se ele não acordasse o amigo tutor, os latidos ficavam mais altos. 

Diferente de antes, quando parava na porta e ficava arranhando e bufando para chamar a atenção; e sim, nestes tempos, latia alto que podia acordar a vizinha do lado (no começo houve reclamações, mas depois, o velho Rex fez amizade e quase todo dia cochilava no quintal da senhora, bem tranquilo e de bucho cheio por grandes ossos que ela lhe dava).

E então aconteceu, logo que chegaram em casa depois do passeio: o velho Rex fechou os olhos, e nunca mais abriu, ao pé da escada que ainda mantinha as ranhuras de suas unhas: quando subia e descia feito raio nos bons tempos - certa vez levou um tombo de cinema. 

Ele, o amigo, o abraçou e fez uma pequena prece; em seguida levou seu amigo para o cemitério de animais. Lá, sem mascarar nenhum sentimento chorou igual a um menino quando perde seu cãozinho de estimação. Voltava melancolicamente para casa quando decidiu, para variar, passar na feira de adoções perto de sua casa. 

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