quinta-feira, 27 de novembro de 2014

10] CENÁRIO SP - VERÃO NA PAREDE FRIA

Construções de todos os tipos e das mais antigas às mais novas em uma miríade de ruas e avenidas; tudo se espraiando causando uma mancha urbana não igualada em nenhuma outra neste país. Qual é a dele? Alta, térrea, sobrado, junto, separado?

Paredes há muito deixaram de ser seu castelo de vida separado do mundo impossibilitado de receber "visitas" de amor - as outras vistas da carne sempre foram e sempre serão permitidas.  Então, pelas frias paredes pintadas da cor gelo, com sancas e rodapés remetendo a um estilo em voga dos anos 1920 - como os quadros pendurados quase em suspenso - ele enfastiou-se de ser o eremita entre quase 12 milhões.

Porque? De quando em vez fica tentando arrumar uma resposta para este problema que se torna mais fácil quando fala às paredes, divagando, mentalizando

"Estou sem resposta...". Matutava em sua mente do porquê ser assim tão quedado à imutabilidade emocional e tanto a mutabilidade carnal. Parece um contraste com as frias construções (que ele gosta muito) e o que corre por dentro de seu corpo. E parece uma convergência com a sensação e a realidade paulistana na qual muitos ziguezagueiam pelas 24 horas do dia. "O ideal seria meu dia ter algumas horinhas a mais. Sobraria mais tempo para o calor e menos para as paredes frias - que são boas na hora de dormir encostado nela para resfriar o corpo no verão tropical na cidade subtropical, a capricorniana São Paulo".

Deita-se nu, vestindo o suor de novembro na parede que mostra a marca de seu corpo para melhor pensar: cidade grande, gente de monte, construções imponentes, modernas, carros pelo asfalto, sons, cheiros, cores,  mais gente ainda, sua solidão... Que não quer mais. Dormiu com a sensação de mesclar-se à parede fria, pelo calor, pelo físico: seu querer é outro, bem contraposto a este frio que acalenta o tórrido corpo.

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