terça-feira, 18 de novembro de 2014

09] CENÁRIO SP - NO CONCRETO, O SEXO

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Vários são os lugares que ele pode ir a qualquer dia da semana quando lhe apetece tenazmente - viroticamente melhor dizendo - com aquele estado febril de se requebrar em algum quadril nada desavisado: ele quase nunca avisa quando, sempre pergunta quanto paga (se for necessário desembolsar reais trabalhados), e também quase nunca se dói, se está bom e mais uma ou outra pergunta que não mata ninguém; mas que talvez judie.

Sim, o melhor dia para os tais excessos - assim vistos pelas suas vizinhas quase octogenárias, moradoras do apartamento em frente - é a quinta-feira à noite, já ao entardecer: assim que saí do trabalho igual a um inglês que nunca perde a hora, ele quer mesmo é se perder em deleites, devassidão e algum imoralismo qualquer que inventar na hora. 

Sob o concreto quente de um dia de sol saariano na metrópole alfa única e primeira do Brasil, ele se deita sobre sentindo o cheiro do concreto rugoso fumegando de calor e se requebra em cima do corpo "contratado". O suor que pinga depois de ter vencido a mata da sobrancelha, quase ruiva, espessa desaparece em segundos, o tempo de algumas estocadas mais. Claro, tudo com a segurança do látex comprado vindo da Holanda. 

"É a camisinha que me serve porque as outras apertam, sufocam", respondeu para a contratada quando este o perguntou do porquê de irem a três lugares até acharem os que cabem feito uma luva; às vezes um contratado também pode cair bem... No chão! Mesmo sendo mais cara, quase o dobro, ele sempre compra (e comprará) desta porque o livra de alergias e de possíveis rompimentos na hora de mais selvageria; porque de ternura ele se cansara havia alguns anos. São importadas o que traz segurança ao seu avesso do carinho: amor, compreensão, comprometimento ficaram todos no passado.

Segurança hoje é ver o suor fumegar pelo concreto, ralando os cotovelos na hora que abraça, por trás e pela frente, para satisfazer seu hoje sexo no concreto, pela noite, ali perto do Ibirapuera. De dia, ele frequenta os cemitérios, em horário de verão, primeiro para escolher o túmulo de cimento mais quente e mais áspero; depois, pela segunda vez, já acompanhado, deita e rola sobre o quente material de base de cimento e freneticamente, procura a vaga no quadril alheio.

"Será que o sal também se esvanece junto com a água no concreto?", pergunta a si, mesmo que nunca terá uma resposta.

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