domingo, 23 de março de 2014

VIAGEM CLXXVIII - ENTRE MILHÕES, MAIS 1

Reprodução
Os estudos daqueles sítios, denominados como pesquisas, pelas áreas rurais da grande metrópole, com necessidades de áreas verdes, de milhões de hectares ele faz muito bem. E o levavam para um tempo que nem parece este tempo de 2014, março, sem as devidas águas para fechar o mês. "Ainda faltam alguns dias", pensa toda vez que vê notícias da Cantareira abaixo dos 15%.

Biólogo de flora silvestre que cobre as franjas sul do grande município, ali mais perto do grande Atlântico do que da Praça da Sé, ele anda por um caminho tortuoso, cheirando a mato molhado, a terra molhada, perto da reserva indígena. Munido de um I-pad, por wi-fi, anota espécies que possivelmente ainda não estão catalogadas no grande livro das plantas/árvores do Brasil, mais precisamente, na Mata Atlântica. Quando o vento sopra do sudeste, uma leve brisa de mar chega às suas narinas.

Ali, no meio do mato, às vezes, depois ter coletado as espécies e feito um 'pré-catálogo', ele de punha a ouvir música ambiente, de matiz eletrônico - nada tão alto que não o fizesse ouvir os ruídos naturais do lugar.
Hoje, ele põe a se lembrar de fatos que ocorreram ao longo deste último ano e que foram marcantes como nunca outros haviam sido. Pelo menos os que não se aprendem na escola, depois na universidade e primeiro em casa, com os pais.

De sola da bota enlameada, jeans surrado rasgado na coxa e no joelho em diferentes pernas, camiseta manga longa, ele recosta em uma árvore já morta, de tom branco sujo. Mangas arregaçadas, ele escuta a música ambiente no ambiente verde e recém molhado que aprendera a gostar e que dele fizera ganhar dinheiro para sobreviver. Mas não era um bicho do mato, tampouco tinha aquele discurso "devemos voltar à floresta": urbano, cosmopolita e discípulo do asfalto paulistano. 

Conciliava os dois extremos e ia do verde ao cinza com facilidade de um balanço que vai e volta, que vai e volta... Dos milhões e milhões que fazem o que São Paulo, ele é menos um do que querem viver sozinhos, como o velho personagem Urtigão.

Ouve agora as músicas do seu dj preferido - amigo de muitos anos e durante anos dentre estes anos fora mais que um amigo. Amaram-se fraternalmente até o dia em que o tal dj havia viajado para Berlim. Ficara de voltar dentro de três meses e até agora não voltou; depois de três anos ele desistiu de esperar. Também, depois que soube do translado sob o Atlântico do corpo morto assassinado por imigrantes muçulmanos - homofobia - entregou os pontos ao afeto. Ficar sozinho nunca mais.

A música de anos atrás o fez dormir que babou de tão relaxado. Acordou quase 2h depois com sol já fazendo sombras esguias e cumpridas. Bate os pés sujos de barro e levanta-se e sabendo que sujo ficarão de novo as botas de alpinista.
Parece ouvir: "apresse-se, logo mais tem muita dança para você suar e beber.

http://cliparto.com/@/Anna%20Poltoratskaya/7/

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