sábado, 18 de dezembro de 2010

034 - SÃO DOZE MESES; OS TRABALHOS MAIS

"Uma vez eu li em uma pesquisa publicada em uma revista americana de psiquiatria um 'Tratado sobre o suicida: fim de ano e fim do dia'. Sério. Aumenta muito a porcentagem de pessoas que se matam agora no fim do ano; começa em setembro e atinge o ápice agora em dezembro.
Será que é porque as pessoas se apercebem que não realizaram o que haviam desejado - e querido - lá trás. Lá em janeiro.
E eu que já vi tanto janeiro de anseio plural, fevereiro do carnaval, março fechando o verão, abril de chocolate, maio do outono...
O Simão diz que não é para me preocupar com esta época, para eu não ficar eivado de pensamentos meio tortos. Quais seriam uma vez eu perguntei para ele.
--- Cara, tenho para mim que você parece que não tem apreço à vida, às coisas aqui deste planeta capitalista, cheio de mais-valia na veia de todos nós. Não dá para ser assim. Porque eu sei que é foda toda esta parafernália inventada pelo homem que consome a gente. Eu não gosto, ainda que eu dependa de... Do dinheiro que vem difícil, quer dizer, hoje até que me vem fácil. Então, pare de pensar que vale mesmo é ficar com estes pensamentos tortos. Conhece o significado da resignação? O significante também? Torto você quase ficou naquele dia no armário. Não adianta Duílio... Encara de frente, não se pode ser assim tão frágil a ponto de não querer mais o que... seja o que for.
Ele nunca me falou o que era este mais o que. Disse que eu deveria saber.
E eu sei? Acho que sei... Quero condições diferentes para o mundo, para os homens. 
Sim eu sei.... Quando eu uso tudo aquilo eu fico assim, pensando na falência, no fracasso de mim mesmo e daí, para o fracasso da gente, de todos.
Tem jeito?"
Vagava pelo parque perto de sua casa com as pernas doídas de tanto acordado permanecer.

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