domingo, 17 de outubro de 2010

027 - VENTO

E depois vinha o vento, aquela aragem boa em um dia de verão trazendo alento imediato que talvez tanto necessitasse para caminhar por onde ele fosse. os pés, calçados claro, faziam seu papel de levar todo o corpo para frente, porque parado é que não vira.
Em uma manhã com um sol tórrido, avermelhando tudo parecia, fazia sua caminhada pelo parque sempre com o gosto do café ainda na boca. os dentes escovaria depois. Este amargo o fazia acordar mais e mais, a ficar atento e, junto à aragem, poderiam completar o sábado que seria longo até que o domingo chegasse.No velho moleton o telefone tão-somente.
"--- To aqui no parque. Tô até vendo seu prédio, a janela fechada. Tudo fechado...
--- Sábado? Nem nove horas ainda!
--- Para te acordar mesmo. Estava pesando de a gente tomar café junto, ali na padaria Flor do Algarve. 
Nossa, ele não vai responder nada? 
--- Duílio! Eu quero que você vá se foder.
--- Sabvia. Mas eu não desisto tão fácil. Levanta. Quer que eu passe aí? 
--- Não passe nada. Eu preciso tomar um banho. Dormi bem acompanhado e depois que foi embora voltei a dormir. Se você esperar...
--- Quem?
--- Quem o quê? Quem dormiu aqui em casa você nmão conhece. Você nunca conhece e não seria agora.
--- Então... Eu nunca conheço né? Voce é que sabe. Venha, estou aqui perto do bebedouro daquela curva do bosque.
Ele fala que nnca sei quem está lá. Às vezes eu acho que sei demais, até mais do que deveria saber. Pode ser. Também tem que eu não tenho nada com isto. Só acho que levar a vida assim, gastando grana e depois se enfastiando... Que ele diz que fastio não faz parte da vida dele. 
Da minha é que não pode fazer".
Tomaram mais café. E resolveram depois de 'abastecidos', ouvir música bem alto no apartamento do Simão. E o vento vendo tudo isto parece que colaborou e ventou ainda mais forte comemorando, batendo portas e desligando a chama do fogão. Sorte que os narizes sentiram.

Nenhum comentário: