sexta-feira, 26 de março de 2010

CONTO V

"UM ARQUIVO EM CONSTRUÇÃO"
Mais um trecho do 3º conto chamado "Um arquivo en construção".
Agradeço sempre a atenção de quem lê. Valeu mesmo.
Trata-se de um personagem endividado, com dificuldades para entender o valor do dinheiro e que é supreendido por uma revelação no final em uma viagem até Piracicaba.
"E como a cidade muda nos dias de frio. É, realmente, São Paulo combina muito mais com o inverno porque dá um clima – que clichê – mais europeu abstraindo alguns fatores. Bem lembrado, vou tomar um café na padaria da esquina bem forte e fumar um cigarro. Está frio aqui fora. Porta giratória, sem sensor, e atravesso andando de maneira daquela que de vez em quando eu forço. Nossa fazia isto quando queria aumentar minha presença é... Uma coisa mais de macho mesmo! Meio neenderthal. Que engraçado: neenderthal! Podia ser cro-magnon também. Macho para caralho também. Mas que eu acho que é de macho, eu acho! Balcão em vidro fumê e o cheiro da cafeína se espalhando pelo ar. Delícia. Rindo sozinho de novo...
Frio da pôrra! Mas tem lá suas vantagenzinhas. Nossa, a primeira é que sem dúvida diminui muito a quantidade daquele bicho do demônio! Dos infernos! Que nojo! Porque Deus, que é Deus, fez isto bicho? Ainda bem que lá no apartamento faz ano já que não tem nenhuma barata. Ódio mortal! E quando ela parada mexe aquela pôrra das antenas assim, estou rindo de novo... Quem me visse e ouvisse falando, e mexendo os dedos, ou ia pensar que usei alguma droga ou então que sou louco mesmo. Que asco! Só de imaginar que aquele inseto pode um dia andar em cima de mim acho que vou lavar com cândida de tanto nojo! E na cara então! Bichinho abjeto das profundezas! Pequenos, endemoninhados e repugnantes! Mato todas que encontro na frente! Ódio, muito ódio! Bicho da escuridão! Sem falar que feio que dói. Pára de falar em voz alta! Pára de rir sozinho...
É, acho que vou ter que pedir dinheiro para o Antônio e com prazo de recebimento para daqui bem longe. Mesmo porque as despesas que eu vou ter no fim do ano para eu fazer minha viagem e me adiantar já está separado e destinado. Porque será gasto, sem chances.
Até que está vazio pelo horário, final de tarde. Deve ser a garoa. Ou melhor, agora é chuva mesmo. E não posso esquecer deste detalhe. A chuva cai grossa espalhando como a cafeína muita coisa lá fora. Problemas vários e soluções algumas. Lembrei! Antes, preciso comprar uma mídia, para queimar muito. Dinheiro. Se cada pingo de chuva, aqui, na calçada da padaria, fosse um real. Pôrra, eu ia catar muito dinheiro e resolver meu problema já porque está foda! Não queria ter que pedir dinheiro para o Antônio. Emprestar ele vai, mas não queria. 
Porque fui fazer um negócio destes? Pedir grana a um investidor/lobista de Brasília? Onde eu estava com a cabeça? Eu sei. Pior que sei. Que idiota, eu sou o mais perfeito deles! Agora se fode mesmo vacilão! Tenho que arranjar os R$ 6 mil para ele até sexta-feira. Contando que eu não arrumei nada ainda o negócio vai de mal a pior."

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