sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

VIAGEM CCLX - NA CHUVA SEM GUARDA-CHUVA

Arquivo pessoal
Um de seus alunos mais sagazes lhe enviou este na última hora... Como um apêndice do trabalho de final de semestre para finalizar o conto de um quase-livro; o professor gostou mais deste do que de todo o resto.

"a chuva está ácida aqui dentro
choros com
lágrimas igual a réptil que rasteja
e então, o seu
comportamento é histérico

exige compreensão
demanda atenção
quer sempre mais
reclama de quase tudo 
grita e não sabe falar

eu lavo as mãos
depois de ter me banhado sem você
(e já tinha um tempo sem que acontecesse)
limpei o quarto
mudei os móveis

para sair da imobilidade
limitei-me a não ter limites para a mudança
lá fora... a água não para de cair
forte, em seguida suave, logo mais forte de novo
eu deixei de verter o sal pelos olhos

desisti de nós
invisto em mim
e a chuva que derrama vida
é um alento para mim
nesta energia de histeria que insistia em perpetuar

até saí sem guarda-chuva
só para me molhar"

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