quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

41] CENÁRIO SP - CAMBALEANDO DOS JARDINS À CONSOLAÇÃO

Arquivo pessoal
Cambaleia, nego, cambaleia pelas andadas pelas calçadas "caramelizadas" da fritação do cérebro criativo lá pelas 9h, vindo de um clube que ele nem se lembra mais o nome, onde, com quem... (há tantos em São Paulo, para tantos gostos, com tantos valores, frequentados por tantos tipos de gentes). 

Cambaleia, sozinho, cambaleia até chegar em casa ainda em um efeito estufa no corpo.
Calor, tanto calor, que empapava todo o corpo; nas extremidades, nos recônditos lugares, todo aquele corpo.

Custe o que custar, ele vai continuar a tentar chegar em casa, ali mesmo na Consolação no fim dela, antes que o relógio - do celular, claro! - aponte às 10h. Está perto de soar o tal alarme de escândalos mil.

Crível é sua sede, mas água ele não quer; algo gelado para jogar na cabeça rapada como aquele eletrolítico sabor carambola, talvez... Sua cabeça parece que dela arrancaram a tampa e o todo o "creme" cinza de dentro exposto está ao sol. Fritando, fritando.

Mas que sol? Nada, em pleno verão paulistano, um "invernico" de fazer inveja às pessoas ao sul do trópico de Capricórnio; mas que a tampa parece aberta... Ah, isto parece. Gelo, fruta, cabeça, jogar nela, para apagar aquela fritação sintetizada lá... Onde? Falaram pela madrugada, quase dia, que veio da Colômbia... "Cáli", o cara lhe disse, emendando que "daquela cidade do cartel, o mais foda do mundo".

Ele creu sem devaneio e aspirou nariz adentro, uma vez, duas vezes, três vezes... Bem, várias vezes. Detalhe que já se fazia amanhecer e ele se esqueceu que o "baile todo" estava por acabar.

Vê-se agora cambaleando, parecendo um carro sem cambagem correta, para chegar em casa e descansar a carcaça suada. Passando pelo cemitério... Nem quis descansar por ali não! Vendo a Praça Roosevelt, pensa que "eu se eu descansasse um pouco em um dos degraus? Embaixo da frondosa árvore".

Por sorte (dele), desiste na hora porque ao ver a igreja no final da avenida (que desceu boa parte), seu apartamento está a menos de 100 metros. Conforta-se; menos a sede da cabeça e agora da língua seca feita o Saara.

Cambaleia, nego, cambaleia, pelo hall do prédio. Porteiro que pergunta, elevador que demora, gente que olha. Pronto, chega em frente à porta. Corre, enfia a cabeça no tanque e deixa escorrer o jato d'água por minutos.

Despe-se, banheiro, balança, bebe mais água. E, cambaleante, deita-se na cama. Tamanho esforço o faz nem ouvir a igreja da Consolação bater às 10h.