"Por onde ir logo mais dia 31?"
"Muita comida, bebida? E as vitórias do ano?"
Aqui em São Paulo, quase a cidade da dúzia de milhões sob o trópico de Capricórnio, tantos lugares, tantas pessoas para conhecer que a perdição de não saber qual rumo tomar pode parecer a ele uma fina ironia.
Porque?
Porque sempre sabe onde vai, como vai, quando volta. Aferir com quem vai já fica um pouco mais difícil, mesmo que a maioria das vezes escolha um parceiro para as andanças pela mancha paulistana que um dia vai conquistar o mundo.
Dia 31, ele pensa... Olhando as nuvens que nublam a metrópole.
"Data meio mítica igual ao Olimpo: está lá, existe mas o que contaram sobre pode não ser verdade intrínseca, pode não ser fantasioso... Mas amanhã e o pico lá na Grécia são reais. E as histórias? Acabei de falar que não são reais. Pensando bem, elas deveriam ter sido reais àquela época de heróis, deuses, semideuses e a parafernália toda. E o dia 31?"
"Existe e não hesite, você, que lê ou que finge ler - lembrei de Fernando Pessoa - e que não comenta comigo, muito menos escreve algo que seja inteligível. Mas para com isto! Amanhã é o dia. Existe, mas é um a data inventada, não é? Por mim é que não foi, mas que inventaram... Bem, ok, ,se assim achar melhor, que todo 31 de dezembro é a o dia limite para o ano que está por vencer".
O que ele venceu foi a cidade e já faz duas décadas e meia - e foi uma vitória doce no fim e atribulada no percurso. Teve medo, passado algum tempo ele resolveu "existir" para os paulistanos natos ou não e vencer seus medos, a 'não existência', a desapropriação da autoestima e venceu tudo isto.
"Foi aqui mesmo em São Paulo, como àquele 31 de dezembro de 1991. Cheguei confortável; logo que virou o ano tive o espinho na carne - espinhos, diga-se a verdade - e sangrei. Só que foi um sangramento parecido com uma transfusão de sangue: novo mesmo!".
Preocupação inexiste porque o rol de amigos e do amor conquistado sem guerras tampouco tristeza, estarão logo mais para abraçá-lo e beijá-lo.
"Eu venci aqui em São Paulo minha vida de antes - transgredi a dor e o medo. Transformei em cura e paz. E quem tem paz não tem medo (hum, medo eu tenho alguns atávicos: mar, sauna úmida e mais alguns por aí... Rsrsrs).
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