quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

VIAGEM CLVIII - BRASILEIRO COMO ELE EXISTEM AOS MILHÕES

Reprodução [endereço abaixo]
Pelo calor que faz aqui neste tropical país, de clima úmido e abafado em fins de dezembro, que tanto encantou os brancos portugueses que por aqui chegaram lá em fins do século XVI, ele percebe que por mais que caucasiano seja, nem é tão tropicalista, mas muito menos chegado em neve que recobre boa parte do hemisfério norte. 

Quando pensa naqueles metros cúbicos de neve... Fica satisfeito por morar aqui. Frio com certeza está longe de qualquer tesão que possa existir; estabeleceu-se por aqui mesmo, no Capricórnio que corta a metrópole síntese do Brasil.

Ele é brasileiro, mas não sabe sambar.
Ele é brasileiro, mas não sabe jogar futebol.

"Devo ter duas pernas cabeludas esquerdas, só pode ser!", pensava quando tentava, por vezes, jogar o esporte bretão. Tanto é que não perdia a fleugma inglesa (ou seria bretã? "Melhor dizer empáfia", repetia), quando era o último a ser escolhido nos jogos realizados na alta escola e depois em churrascos da faculdade.
Mas aí, neste tempo, parou de querer jogar.
Decidiu assumir para si o papel de brasileiro que não samba, não joga bola, nem é fã de carnaval.

O que mais tem de brasileiro - a mistura máxima de africano, europeu, indígena com pitada amarela - é o falar com toque de mão. Ou seria um comportamento atávico herdado dos ancestrais italianos? Bem, o fato é que conversa tocando no outro. Isto já lhe trouxe cara feia, suspeição, mas também proximidade e carinho; o que é uma forma de ser bem do seu ser.
Ele ama - ou pelo menos supõe que sim - bem ao gosto típico dos calorosos terráqueos próximos aos trópicos: intensamente, mesmo que não correspondido seja, ou ainda que seja correspondido de maneira insuficiente. Em alguns verões suados, corresponderam-sem em amor e suores por todos os dois corpos. O samba lá embaixo pela conquista do campeonato pelo time da zona oeste não atrapalhou a cantoria de ofegantes respirações, tampouco os "afazeres de mandos e de desmandos" de delícias.

Apaixonou-se e amou logo em seguida, com muitos toques, claro. 
Sambar ainda não aprendeu. Quem sabe o que pode ensinar o amor? 
Já aprendeu tanto na vida dos trópicos e o espaço continua continental. 

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