sábado, 14 de agosto de 2010

SÃO PAULO É O AVESSO DO BAIRRISMO

AQUI CABE TODO MUNDO
"Porque é o avesso, do avesso, do avesso, do avesso...". Nem sei se gosto exatamente desta música porque parece que a cidade foi visto com certo ar carioca e/ou baiano. Opa, nada contra as duas cidades e muito menos nada contra os habitantes das mesmas; apenas ao estereótipo com que somos vistos por vezes.
Mas é que minha São Paulo é tão, idiossincraticamente, única, 'o avesso' de tudo que cheira a bairrismo e preconceito que aqui nos mais de 11 milhões que habitam de Parelheiros/Marsilac a Cantareira, do Itaim Paulista ao Jaguaré cabem todos brasileiros, todos os latinos e de outras distantes plagas. 
Todos - alguns mais outros menos - se adaptam e se moldam ao "paulistano way of life" não sem antes de contribuir para o grande amálgama que é esta (grande) metrópole, acrescentando novos costumes/hábitos, linguajares etc. Uma dialética marxista  resume bem. 
Então, o que faz de São Paulo a mais brasileira de todas as cidades espalhadas por este país-continente?
Ora, para mim, é o não-bairrismo. E é a oportunidade que a cidade oferece para quem estiver disposto a ralar muito para conseguir uma vida mais digna. Ainda que possa parecer que alguns brasileiros insistam em dizer que os paulistanos (por vezes se estendem aos paulistas) são apressados, mal humorados, estressados e mais ainda, que são arrogantes/orgulhosos, a verdade é que estas características não definem o que o paulistanos são de verdade.

Quando vim morar em definitivo aqui na São Paulo de Piratininga, vindo de Piracicaba, havia em mim uma certa preocupação com o estereótipo do paulistano: o ser antipático. 
O que é, ao mesmo tempo, uma grande mentira e uma pequena verdade. Quanto a ser verdade... Bem antipatia não é relacionada com geografia: São Paulo não deve ser menos simpática que Nova York, Moscou, Tóquio, Roma ou Jacarta.
Quanto a ser uma grande mentira pude eu mesmo comprovar: o paulistano conversa sim com as pessoas nas ruas, fornece informações, e há uma grande disposição com o turista seja de negócios ou de passeio. Pelas ruas ouço gente assobiando, cantando e alguns como eu, falando sozinho. O costume de dar bom dia onde quer que se chegue se assemelha muito ao jeito interiorano de ser. Há uma vontade de se fazer chegar, de trocar informações e portanto, de estar junto de pessoas. O paulistano é assim sim, o legítimo.
Nascidos aqui ainda são maioria, são milhões e fizeram desta megalópole o que ela é hoje: para mal e para o bem.
Brasileiros de outros estados, todos bem-vindos, fazem também o que São Paulo é hoje: o município produz 12% do PIB do Brasil. Mineiros, acreanos, paraenses, tocantinenses, gaúchos, catarinenses, capixabas, goianos, sul-matogrossenses, fluminenses, paranenses e o grande grupo formado por baianos, pernambucanos, cearenses, maranhenses, paraibanos, piauienses, alagoanos, potiguares e sergipanos moldam a cidade mesclando o que já havia ao que de novo trazem, para não mencionar os italianos, espanhóis,  libaneses, sírios, coreanos, armênios, gregos, judeus, japoneses, bolivianos, chineses, alemães e claro, os portugueses, os africanos e a grande massa do interior do Estado de São Paulo. Isto sim é abarcar todo mundo sem a arrogância que outros lugares aqui mesmo no Brasil têm, ensimesmando-se no próprio umbigo.

São Paulo não tem tempo para ensimesmar-se. Tampouco para deitar em berço esplêndido para admirar a suposta beleza que possui. De fato, a cidade, aos olhos viciados de X, Y ou Z, pode parecer pouco bela, o que é uma mentira: aqui a beleza está disfarçada, nos pregando peças e se mostrando para quem tem olhos atentos e perscrutadores.
E a beleza por si só não possibilita vida. Eu prefiro a carne e o osso.
O que se escancara aqui é o trabalho, a vontade de vencer, e mais: é a gente... A gente que faz desta cidade a mais brasileira de todas. 
Repito: aqui cabem todos - paulistanos e não paulistanos como este que redige sem distinção alguma e sem arrogância.

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