sexta-feira, 14 de outubro de 2016

VIAGEM CCCVII - PARA ENGANAR O CLICHÊ

Arquivo pessoal - Moema, São Paulo/SP
clichê, a morte é o maior de todos eles

sempre vem, sempre aparece e é para sempre
sem remédio
sem paliativo também...

ou sim?
alguns instantes e vida
para remediar aquilo para o que não tem cura

o clichê
podemos então... Devemos então tomar algumas pílulas a seco
de maneira certeira:

que nós dancemos até o fim
requebrando por ora, colados em outro hora
até cairmos juntos
até acenderem as luzes
para iluminar o escuro clichê

que a gente caminhe entre as dores
entre as alegrias
pelas ruas e avenidas, pelas calçadas
até o cansaço
para enganar o clichê

que a gente durma junto
em um tépida noite de outono
que chova, chova sem parar
baixinho e miúdo, renitentemente,
para o clichê absoluto dormir um pouco

que ouçamos mais um ao outro
que nos mostremos verdadeiros, reais
feios, sujos e malvados por vezes,
e lindos e limpos da mentira e bons na sinceridade em outras
para o clichê aprender o que é a cumplicidade

que nós vivamos parceiros
em saudáveis e doentes momentos
de briga, de amor, de sexo, de repulsa,
de tudo o que o ser humano faz quando ama
para o clichê se atente aos momentos únicos

porque se ele vence - e vence todo o tempo -,
resta-nos não bater de frente
sobra então uma vida de "esquecimento" do senhor absoluto
do senhor infalível,
do clichê da morte que anda lado a lado a nós 

sublimar a morte traz um certo esquecimento

Nenhum comentário: