quinta-feira, 8 de agosto de 2019

VIAGEM CCCXLVIII - NA CONTRAMÃO

Arquivo pessoal - Largo São Francisco, São Paulo

"de leve que é na contramão".
(Lulu Santos, verso de)

pelas ruas, avenidas, ruelas, travessas, autopistas e marginais
eu observo e babo, boquiaberto

ver você andar, remexendo que só os quadris, com um gingado para se perder se encontrar o caminho

pela contramão da vida,
pela contramão do status quo
contradizer o discurso dos caretas

este discurso sem piedade
sem arte, sem amor
sem sexo e sem você - não!

só me faz olhar mais
e procurar por um guardanapo para me recompor 
da baba sobre minha barba hirsuta a escorrer 

e você anda, e vai, e vem, e rebola, e remexe
e mexe com meu juízo tão sério
tão profissional que acaba por solapar toda a minha seriedade

você me arrasta pela contramão
para que a gente se encontre,
para que a gente transgrida

e perverta a seta de mão única
nada disto, nada desta gente rança! 
minha seta é só para você, só seguirmos em frente.

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