domingo, 27 de janeiro de 2019

VIAGEM CCCXLI - O DIA DE IR EMBORA

Arq. pessoal - Av. São Luís, Centro/São Paulo
Em um destes registros feitos a torto e a direito, indo à esquerda e à direita, feito bêbado em ladeira abaixo, em um eterno ziguezague, ele escreveu algo assim e mandou para si mesmo e com cópia para quem se destinava:

"Tenho ido embora de tanta coisa. Tenho ido embora de você, desta casa, deste beijo; tenho ido embora de tudo.
Porém, eu sempre volto... E está errado algo aí.

Não, eu não tenho que ficar indo embora toda vez do desgosto no rosto, do desprazer no sexo, da mentira que você conta e pede desculpa depois. 

Um dia destes, eu vou embora para sempre.
Porque, neste dia, eu terei decidido o melhor, dentro da dor que corrói, para mim. 
Sim, porque é na dor que se tomam decisões mais acertadas; o amor mentiroso como o seu, engana e fede.

Mas também tenho ido embora das coisas da vida; bem, de algumas delas. Você não reina sozinho neste privilégio de eu dever ir embora (um dia eu vou e está chegando este tempo), porque os machucados da vida vivida hão de cicatrizar. 

Fui embora das tristezas do passado porque desamarrei as correntes que eu arrastava - iniciei o processo de paz com tudo aquilo que vivi, contudo isto é só o começo.

Fui embora de lugares alguns, tão queridos e apreciados por mim. Tive que ir, porque já faziam mal e não realizavam bem algum. Demorei e não volto mais por lá.

Fui embora do descaso, do desperdício, da tristeza que queriam imputar em mim.
Tornei-me melhor.
Só falta mesmo eu começar a andar sem olhar para trás.

Vai chegar o tal dia de ir-me e a festa será comemorada com muita alegria, porque das amarguras suas, eu quero a doçura deste novo homem que tenho feito tanta força para construir. Morarei na nova construção.

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