quarta-feira, 8 de agosto de 2018

VIAGEM CCCXXXIX - UMA FRESTA EM AGOSTO

Arquivo pessoal - Aclimação/São Paulo-SP
pela fresta da janela, pingos caíam sem parar

forte, grossos, intensos, tomando conta da fresta

uma neblina pela madrugada enevoando Essepê, 

dentro do quarto, a festa

suores, vapores, odores, sucções, salivação

o frio de agosto neste ano é úmido e denso

dentro de você festejo

me aninho, me sobrepujo e me percebo então vassalo

de seu corpo - me imagino até o fim dos dias de agostos sem fim 

a render-lhe homenagens frenéticas 

frio, tanto frio, edredons espalhados ao chão

respiração que ofega, arfa, faz tremer

meus pés descalços e descobertos, beijos e tantos beijos

você anda até a fresta da janela de agosto, eriçam-se os pelos

"São Paulo desapareceu. A neblina tomou conta da cidade"

sorri para mim e volta correndo à nossa cama - de uma bagunça de fazer

ter mais vontade quando se encosta em mim

e vendo você assim, vejo mesmo que este agosto

pela diminuta fresta da janela veio pelas minhas veias

pulsantes e querer pulsar tudo isto com você.

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