quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

VIAGEM CCLVI - CONTRAPOSIÇÕES

Arquivo pessoal - Avenida 9 de Julho
Aquele rito de passagem para a idade adulta dificultou muito sua vida. Era diferente em muitos aspectos do restante de sua turma. 

Rito prolongado e cheio de acontecimentos; algumas descobertas que o fizeram agir sem muito pensar no que poderia vir. Mas só assim poderia ter acontecido.

Vieram tantas coisas, tantas pessoas, acontecimentos e transtornos.
Vieram medos e prantos - dos contidos aos desabridos.

Sobreviveu com ranços que atrapalharam seu bem-estar de socialista democrático (adquirido depois do tempo vermelho marxista - início de uma nova fase). Tantas justificativas errôneas em nome disto que não demoraram em cair por terra. Ele ficou melhor.

Em uma outra fase, tardia até, mas muito bem-vinda, dispensou tais ranços. 
Também conseguiu pagar pelo serviço de um psicanalista. Ajudou em boa parte porque logrou desenvolver tipos de arrumação em seus pensamentos. 

Mas resoluções viviam aparecendo obrigando-o a ser cada vez mais o que ele recém tinha descoberto (mais uma descoberta), do que ele quereria de sua vida para o seu corpo e ideias. Dar voz e vez a elas tornaram-se instrumentos de objetivos vitais.
Vestiu-se de muito suor, engoliu muito sapo, sofreu igual menino de orfanato.
Venceu, decididamente venceu.

Pôde transparecer aquele ar de contemplação feliz, ao longe, sem tempo para preocupações externas que tanto antes perduraram.
Estava no outro lado do diâmetro destes que faziam troça (insistentes que eram) sobre costumes e sensações que ele se permitira ter. Quis mesmo provar que não se importava e quando percebeu que ainda se importava por querer a todo custo provar que não... 

Cansou-se.
Tirou os sapatos que lhe apertavam os grandes pés, deitou-se na cama tirando a roupa assim mesmo e espalhando-se por ela e dormiu tranquilamente que nem precisou ficar preocupado com o que viria depois. Sempre veio algo para se contrapor, para demovê-lo da ideia de ser o que ele era... Com força e cantos da seria. Resistira porque era o que o poderia fazer; e o fez. 

Tanto dormiu quando se decidira que acordou melhor. Tranquilizou-se.
Contrapor-se-ia àqueles que desejavam que as mudanças cessassem? 
Mais tranquilidade porque a precisão de se mostrar contra o estabelecido dera lugar a sua paz e ao desprezo a estes inúteis que desejavam que ele ficasse igual por toda a vida.

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