Arquivo pessoal - Parque do Carmo, São Paulo |
e rocei, chafurdei e mergulhei na lama sem enguiço
e fiquei e me quedei assim: vendo tudo de uma perspectiva diferente
sentido as gotas, ora pequenas e leve, ora grandes e pesadas a me molhar
todo o meu corpo, nas reentrâncias e protuberâncias
deitado...
via as roseiras balançarem pela chuva, pelo vento,
as orquídeas encarapitadas no grosso tronco da figueira
a vergarem sem medo da queda possível
insetos afogados, pássaros em beiras para se protegerem
imaginei então,
naquela tarde de chuva que uma nesga de sol rompeu as nuvens gris
e vi os pingos formarem pequenos arco-íris em minha lente de óculos,
e continuei imaginando ali eu e você deitados olhando para o céu de São Paulo
neste parque perto de casa e dentro de nós (dentro de minha cabeça)
tanto que quis ser a chuva que lhe molhasse, que lhe inundasse de prazer
em uma tarde quente de verão pelo nosso calor de amor
tanto quis ser a chuva para conhecer cada parte de você,
para escorrer, para penetrar, para refrescar...
alguns convivas de parque nem podiam imaginar tamanha criação
as crianças vendo um marmanjo a chafurdar na lama riam de tanta inocência
e a chuva só me fazia querer ficar mais e mais ali
com o sol aparecendo timidamente dava um tom de contradições.
fiquei por ali minutos, eu e a lama
assim que a chuva começou a judiar do meu "pobre" corpo
em pedrinhas de granizo gelado, gelado
chacoalhei-me, dei dois pulos, camiseta na cintura da bermuda
e então que grande amiga a chuva foi:
nem senti o salgado das lágrimas
nem ninguém as viu escorrerem
(acho que mereci esta pequena ajuda)
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